1 - O CARIMBAÇO DA INVALIDEZ
Primeiro o nome de arquivo inválido bastava, bastava para quem programava, do lado de cá batíamos cabeça, depois aperfeiçoaram e a informação complementava listando os caracteres proibidos. A leitura da mensagem virou rotina não só para o nome dos arquivos, mas para tamanhos, formatos e por ai afora, assim as palavras inválido, invalida, invalidez e qualquer derivada foram incorporadas ao vocabulário da tecnologia da informação e de seus usuários.
Um dia você adoece e não presta mais para o serviço, segundo o ordenamento jurídico, ou interpretação de algum burocrata, então a visão turva e você mal enxerga-se sendo despejado numa lixeira, destas que recebem os resíduos de lanches em fast foods.
Sem cerimônias tacam-lhe um carimbaço nas costas: inválido, que num primeiro momento faz com que corram confortando-o e apontando algumas supostas benesses, ou sejam, livre do imposto de renda, desconto de alguns impostos, supostas facilidades de compra de próteses e outras esmolas.
Lá vai você, conforme o caso sendo empurrado numa cadeira de rodas, de muletas, sem os cabelos, embora o cérebro esteja fervilhando de idéias, de vontades que desaguam em movimentos e sentidos não atingidos pela tal invalidez.
Abolir a palavra inválido não trará de volta a suposta validez e isto não é o que machuca, o que machuca é a gaveta onde você é colocado como um brinquedo estragado que ninguém se anima a consertar.
Pelos anos de trabalho conheci centenas de inválidos que tornaram-se válidos pelo equívoco de alguns burocrata, equívoco na maioria das vezes desproposital, mas que evitaram injustiças.
Minha invalidez chegou depois de ter trabalhado por 41 anos e estar aposentado, mas nem sempre é assim, muitos, principalmente no serviço público são enfurnados física e psicologicamente no exílio de leis e interpretações injustas.
Do Livro a Força de Cada um - Ano 2013 e 2015