Assim...ou nem tanto 2
Assim… ou nem tanto 2
O Medo
Ao pedir um certificado de residência na Junta de Freguesia constatei que dados irrelevantes da minha biografia também estavam exarados no “processo”. Admirei-me. Admiro-me sempre antes de ficar indignado. Na verdade não há Banco, Firma, cão ou gato que não use de artifício ilegal para devassar a vida de toda a gente. Nenhuma lei se cumpre para nos proteger e quando assinamos que não autorizamos o uso dos nossos dados, num instante a assinatura, por artes mágicas, se transforma em autorização com que nos podem confrontar a seguir. Maria José Morgado disse recentemente o que pensa desta democracia e do estado a que os políticos levaram este pobre País. Falou no medo que voltou com redobrada força. Medo de não ter meios para fazer face aos compromissos, medo de ficar sem a reforma, medo de desagradar ao chefe e perder o emprego, medo de ser dispensado no serviço, medo de ficar no pântano do trabalho sem direitos, com salário rebaixado, medo das denúncias, medo.”Não arrisquem em mais ninguém, não percam os sacrifícios que já fizeram”, dizem. Votem nos mesmos que fizeram os milagres que só os santos bem instalados viram. Olhem para a Grécia. A campanha a assustar o eleitorado vai conseguir votos e corremos todos o risco de fazer escolhas bem longe da razão e da liberdade. É pena. Chegámos a um limite em que importa correr riscos para mudar. Para varrer a iniquidade, a injustiça, a falta de esperança. É preciso mudar de atitude. A passividade em breve apagará o que ainda nos sobra de dignidade e sobreviveremos dependentes, amarrotados, dignos de misericórdia. Não há alternativa: ou se resiste ou o que resta da nossa humanidade se perderá para que os mesmos tenham tudo o que lhes não cabe e nos pertence.