Somos todos loucos?
 
 
 
 
             Confesso aos meus bons amigos e amigas que venho há muito tempo me controlando para não inventar uma teoria que, com raríssimas exceções,  explique definitivamente a razão de sermos todos mais ou menos “pirados”.  Procuro refrear meu ímpeto, para não cair na mesma situação do Simão Bacamarte,  personagem famoso de Machado de Assis que inicialmente achou que todo mundo era louco (e penso que tinha toda a razão). Mas depois, talvez alarmado com essa constatação, resolveu que somente ele era o louco de verdade e se internou na Casa Verde, de onde saiu morto.
                  Não quero essa sorte, mas quando vejo tanta loucura da humanidade, sinto impulsos para adentrar nesta tese. Ora, meus amigos e amigas, tomo hoje, com grande susto,  conhecimento que o famoso matemático Georg Cantor era maluco e que nos seus períodos de lucidez se dedicava à criação da teoria dos números infinitos, jurava, no seu tempo, que as obras do grande Shakespeare eram escritas por Francis Bacon. Até aí, eu concordo. Outros autores também sempre desconfiaram disso. Mas ao fim e ao cabo, a grande maioria das pessoas descarta essa hipótese e dizem que realmente as obras do Bardo são dele mesmo. E, confiantemente, eu também concordo. Estou concordando por causa da minha velha insegurança.
                  Mas o nosso Cantor não parou por aí. Soube, com divertido horror, que o nosso matemático achava  que Cristo era filho natural de José de Arimatéia.   Fiquei chocado com essa afirmativa, pois Arimatéia sempre foi para mim o personagem bíblico mais admirável. O Cantor tinha  essas manias.
                         Na verdade a loucura sempre existiu, mas felizmente em número reduzido.  O que espanta é que nosso cérebro apresenta pequeninos defeitos, conexões de neurônios irregulares, provocando em quase toda gente um comportamento errático. Esse o problema.

                  Não quero nem falar na ignorância propriamente dita e que produz situações curiosas e até cômicas.
                  Soube por acaso que no fim da segunda guerra mundial  todas as rádios tocavam muito o primeiro verso da Marselhesa (Avante, filhos da pátria, o dia da  glória chegou).  Podem não acreditar, na Inglaterra traduziram assim: - “ Bem, amigos, estamos nesta”.
                     Penso, então:  melhor procurar me acalmar, antes de me aventurar na tese da loucura, mesmo percebendo tanta doidice por esse mundo afora.  Infelizmente, não poderei  sossegar, como fazia o matemático e filósofo Russell. Recitava ele, entre dentes, os três fatores de a3 + b3+ c3 – 3abc. Dizia que era mais fácil do que imaginar a Era Glacial.
                  Eu, modestamente, completamente ignorante em matemática, uso a fórmula do pensamento positivo (bastante desgastada): - “ Todos os dias, sob todos os aspectos, eu estou cada vez melhor”.
                             Com essa esperança,  desisto da tese!  Well, amigos e amigas, estou nesta.