MATA MAROTO
Mata Maroto é como se denominam vários movimentos entre brasileiros e portugueses que ocorreram entre os anos de 1829 e 1831, tanto no Recôncavo Baiano como em cidades como Cachoeira, Rio de Contas e Caetité, no período das Regências, movidos ao ódio e ressentimentos aos portugueses como um resultado das guerras pela independência, assim como ao temor de que o Imperador D. Pedro viesse promover a união dos reinos de Brasil e de Portugal, como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Esses movimentos pregavam o total extermínio dos portugueses que ainda ficaram residentes na Bahia.
Após as guerras pela Independência na Bahia, ficou um profundo sentimento de descontentamento dos baianos pela presença de portugueses aqui residentes, que tratavam os brasileiros com extrema arrogância.
O termo “maroto” tinha um duplo significado: tanto “marinheiro” como “tratante”, e era utilizado pejorativamente para denominar os portugueses.
Em abril de 1831, depois de D. Pedro I abdicar ao trono do Brasil e retornar a Portugal para disputar o trono português, os motins recrudesceram com mais violência.
Nessa época, presidia a província da Bahia o baiano Luís Paulo de Araújo Bastos, que tinha por Governador das Armas, o general português João Chrisóstomo Calado, que era português.
No dia 4 de abril, os movimentos passaram a ser mais violentos. Os baianos dominaram o Forte do Barbalho, depuseram o Presidente da Província e destituíram o Governador das Armas, pondo em seu lugar João Gonçalves Cezimbra, como Presidente da Província, que era brasileiro e esse prometeu nomear apenas brasileiros para comandar os batalhões, assim como deportar todos aqueles que fossem favoráveis à restauração do Reino Português no Brasil.
Justamente nesse período, um fato ocorrido voltou a recrudescer os ânimos na Província da Bahia. Um português de nome Francisco Antonio de Sousa Paranhos havia assassinado o brasileiro Vitor Pinto de Castro.
Portugueses eram emboscados e mortos nas ruas escuras de Salvador. Famílias portuguesas viviam apavoradas, sem sair às ruas com receio de represálias. O povo gritava pelas ruas: “Mata Maroto”.
Em Cachoeira e Santo Amaro da Purificação os atentados atingiram muitas famílias portuguesas. Muitos portugueses fugiram para o interior. Em Caetité, apesar de serem acolhidos pelo intendente Joaquim Venâncio Gomes de Azevedo, que lhes garantiu segurança, foram perseguidos e muitos deles mortos de forma cruel pelos baianos.
Em Rio de Contas, residia uma numerosa comunidade portuguesa que para lá fora atraída pelas riquezas que o ouro representava, mas com as perseguições dos baianos, uma grande parte deles foi cruelmente assassinada e outros fugiram para o Recôncavo na esperança de retornar a Portugal.