Ele vai borrar seu rímel

“Ame alguém que borre seu batom e não o seu rímel”. Não é a primeira vez que vejo essa frase circulando na internet, mas sempre que a leio, me vejo obrigada a discordar, mesmo compreendendo a intenção do conselho.

A primeira vez que li, acabei me perguntando pelo que nós procuramos quando o assunto é relacionamento. Afinal, queremos a perfeição, mesmo dizendo que não?

Se há algo que a vida me ensinou com falta de sutileza e com excesso de demonstração, sem dúvidas, foi que somente um tipo de pessoa é capaz de me magoar: quem eu amo.

Independentemente do nível de relação, em algum momento da vida, eles me decepcionarão. O inverso também ocorrerá. E não serão duas ou três vezes, serão várias. O motivo é bem simples: somos humanos, cometemos falhas e nos precipitamos.

Quando essa questão entra no tópico de relacionamento amoroso, entretanto, parece que esquecemos que a decepção, inevitavelmente, acontecerá algum dia e que, consequentemente, o amor da nossa vida borrará o nosso rímel ao menos uma vez – de diversas maneiras e por razões variadas.

Por outro lado, é fácil perceber que, inconscientemente, associamos a ideia de lágrimas com momentos de mágoa, ignorando as grandes chances de chorarmos por motivos incrivelmente bons.

O que quero dizer, enfim, é que rímel não se borra só com lágrimas e que lágrimas não transbordam apenas em momentos de tristeza. Rímel se borra com suor, com água e até mesmo com o toque.

Então, ele te fará chorar: de tristeza, de raiva, de preocupação. De alegria, de surpresa, de orgulho. Ele fará você chorar durante uma discussão, durante uma declaração, durante uma revelação. Ele borrará o seu rímel por meio de lágrimas, gestos, atitudes, toques e noites daquele tipo que só vocês sabem ter, que só vocês são capazes de se permitirem transbordar.

O que importa, portanto, é apenas a frequência e forma com que as coisas acontecem. Ele vai borrar seu rímel, mas não pode fazer isso todos os dias, independentemente das razões.