A Poesia em 2015 na FLIP
##Neste Dia do Escritor um pouco mais do que anotei lá na FlIP para vocês:
Mariano Marovatto, nascido no Rio de Janeiro, mostrou um pessimismo exagerado em suas falas na mesa em que a “Poesia” foi o prato principal! Mariano lançou o livro: “As Quatro Estações, pela editora Cobogó”, em que escreve sobre, o álbum homônimo da banda Legião Urbana, e, também, Casa, reunião de poemas, pela Sete Letras. Mariano é especialista na obra de Cacaso e Ana Cristina César, contou que começou a criar letras de música e poesia no momento de uma paixão. No entanto, passou a escrever melhor no momento que, deixou de sonhar com o futuro e ficou no presente.
“Currículo é um cemitério de experiências!” brincou Mariano. E, vai mais longe ao afirmar: “O público em geral acha que a poesia é autoajuda!”
Poema inédito de Marovatto
Parece que estou em perigo. Mas não.
Sob o efeito do Memoriol B6, entro numa
estação subterrânea à espera do metrô.
Água avança pelos respiradores, o eco
é hilariante como os que se afogam engasgados.
Talvez devêssemos todos
mergulhar nos trilhos
patos e boias.
Do lado seco do vão os dois homens
encasacados. Um veste sobretudo de tecido
grosso e marrom, coisa que não se usa mais.
O outro repuxa um topete
com um pente de plástico.
Calvície à espreita.
Checam com frequência os papéis nas malas.
Os vagões surgem
com os cotovelos molhados apontados.
Talvez aqui seja o ponto final, talvez
seja melhor caminhar apressadamente.
Matilde Campilho (nascida em Lisboa) mostrou com o seu sotaque luso-carioca uma visão otimista da realidade que a cerca. Tanto, Mariano, como, Matilde, disseram explorar aspectos gerais da poesia contemporânea e do próprio ofício da escrita.
"Eu vivo muito feliz, e isso é suficiente", contou sorrindo Matilde ao confessar que, diz para todos, ser poeta por profissão.
"No meu país, um soneto não paga nem um chopp", enfatizou Mariano.
A portuguesa disse ter estudado Letras e História da Arte, contudo, opinou que: “fui começando a me instruir como poeta distraidamente”, e. acrescentou: “ser poeta é uma profissão para sempre, nem dormindo a gente descansa.”
Jóquei, o livro de Matilde é uma mistura de versos livres, textos curtos e imagens metafóricas, viabiliza nas suas páginas os dizeres da jovem:
"A minha musa é a própria poesia".
Na minha visão critica percebo a poesia de Campilho na direção de uma prosa poética em que o cotidiano se apresenta com força ficcional! Observe no fragmento, que publico logo abaixo.
Época da colheita de lã_ Matilde Campilho
Faz hoje um ano e meio que inundaram o canal de Danesdale para dar passagem à procissão dos castores. Ainda estou sem saber como é que se faz um poema mas pelo menos já sei dobrar a roupa. Tenho-me recusado a falar sobre aquelas coisas habituais, como o coração de Deus, a corrida dos gaiatos, a visão macroscópica que incide sobre a dobra dos calções do atleta, o cílio do peixe preto que todos os dias roça o peito do mergulhador das manhãs, o resultado da partida de baseball no Connecticut ou a forma mais correcta de escrever baseball. Acho que o esporte é uma coisa reconfortante porque se realiza sempre sobre um solo fértil e também porque o posso abandonar a qualquer instante ou voltar a ele em qualquer instante. (...)
A poeta marcou sua visão sobre o seu livro tão elogiado pela crítica (enlouquecida a procura de novidades das boas numa época de celeiro vazio):
"“Este livro são algumas folhas manchadas de café e coca-cola”, mas de repente isso se transforma em ficção e aí vai para o mundo - aí já não é folha suja, já não é meu”.
Marovatto, considerado pela critica como um expoente da sua geração, disse ter feito uma rota contrária a de Matilde.
. "Quando deixei de ter medo do amor e ter medo de Deus comecei a escrever melhor", garantiu.
Os poetas defenderam a importância da poesia no combate à violência no mundo! Marovatto aprovou os dizeres de sua camiseta, “Publique ou Morra”, lema de Julien Assange da Wikleaks, já, Matilde falou na alegria que a arte pode trazer para quem está sofrendo: “
“A poesia parte do real, mas é ficção, o mundo. A poesia não salva o mundo, mas salva um minuto. A gente está aqui para dançar sobre os escombros. E estamos juntos.”