LAMBE-LAMBE

Precisei da minha certidão de casamento e tive que procurá-la nos meus "guardados", numas velhas caixas de papelão. Como sou asmático crônico, depois da busca tive que usar a bombinha.

No meio dos velhos papéis achei a minha primeira carteira profissional que tirei dias antes do golpe militar de 64. Nela o que olhei com interesse foi para o meu retratinho em 3 x 4, preto e branco, óbvio, tirado por um fotógrafo lambe-lambe na feira de Arcoverde. Olhei "praquele" carinha de 20 anos, enfezado, feio, mais escuro que hoje (eu era, juro, quase afrodescendente, estou evitando dizer "nêgo" devido as leis em vigor, hoje tô mais clarinho morenão, acho que é algum problema com a saúde), sério, carrancudo e segurando aquela plaquinha com a data da foto. Adoro essa foto, juro.

Depois que achei a certidão de casamento e dar uima cafungada na bombinha fiquei oensando na foto. E a saudade, que chamo de nostalgia chiquê, bateu. Ledmbrei daquele tempo, era um tempo duro, áspero, principalmente pra quem não comungava com a ditadura, mas a gente sonhava mais... Lwembrei também dos fotógrafos lammbe-lambes com aqueles máquinas grandes em cima de um tripé. Acabou, hoje foto só se tira com celular, e para documento nos quioosques dos shoppings, tudo digital, colorido, tecnológico. Pero, hermanos, falta algo a essas fotos da moda, aquele toque humano dos antigos fotógrafos. Sou mesmo um dinossauro, prefiro as fotos em preto e branco. Detalhe: eu e quem entende de fografia porque o melhor fotógrafo do mundo, Sebastião Salgado, só fotografa em preto e branco.

Tenho também outra foto em 3 x 4 preto e branco, esta foi tirada em Pesqueira para a segunda via dda carteira de identidade, foi na casa-estúdio de um fotógrafo antigo, Djalma, ele atpé me emprestou o paletó de praxe e a gravata e para surpresa minha danou pó na minha cara, resultado saí quase branco na foto, mas devido ao pó a asma bateu na hora e tive que mandar chamar um sujeirto na farmácia, amigo meu, que já veio com uma injeção de aminofilina.

Bom, vou ficando por aqui, eu e minhas saudades, minha nostalgia chiquê, afgora vou tomar uma lapada de Pitu Gold e ouvir uma velha fita no gravador com músicas,claro, dos anos dourados. Hassta luego, hermanos.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 26/07/2015
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