UM HOMEM AINDA MENINO
Um homem ainda menino
Era um menino do interior, que adorava ir à igreja com sua avó. Sentia energias maravilhosas toda vez que entrava no Templo.
Sua crença em Deus e Jesus fervilhavam no seu coração, mas, aqueles conceitos religiosos, não permitiam sua busca por perguntas sem respostas. Sua sensibilidade estava à flor da pele, sua emoção extravazava quando ouvia Sonata ao Luar de Beethoven, ou quando via uma bela criação de Leonardo Da Vinci. Isso era incompreensível, mas ele queria saber mais. Seus conflitos não eram só religiosos, também tinha conflitos familiares.
Assim foi crescendo, e para ele, tudo era apaixonadamente, como eram suas paixões na juventude. A pressão em casa era muito grande, e um dia ele fugiu, aquela explosão de hormônios em plena atividade.
Sai em busca de outras oportunidades, vai para longe sem dizer onde estava. Agora em outra cidade vai começar tudo do zero, ninguém o conhece, e também não conhece ninguém. Havia uma grande agitação na cidade, o Natal estava próximo, e sente uma grande solidão, uma imensurável solidão, está tão só, que mesmo no meio da multidão, se sentia como se estivesse à deriva em alto mar.
A tristeza toma conta do seu coração... Então se lembra de Deus, e se pergunta: Será que Deus existe?
Se existe, por que estou me sentindo assim?
Pedia a Deus para que pudesse chorar, para aliviar aquela tortura, no entanto não conseguia, era como uma fonte em que as águas haviam secado... nada... Pensava em todos os desejos de quando ainda era apenas um menino, que iria construir Castelos aos sons das mais belas melodias, fazendo os acordes soarem como se viessem dos céus.
E agora, ai estava ele, no dia de Natal, andando a ermo pelas ruas, vias pelas janelas, as pessoas se abraçando e se beijando. Lembrou-se de casa, e dos conflitos, mas, agora não poderia recuar. Passaram alguns meses, e aquele Deus que achava que existia, o havia abandonado, mas, no cerne do homem, lá dentro da sua consciência, tem algo que ninguém pode tirar. Passa na frente de um Quartel, e a banda tocava uma musica que lhe chamou atenção, era tão linda como uma melodia para embalar os sonhos de um poeta. Agora depois de tantos meses, ele chora copiosamente, e se sentiu livre como um pássaro que sai da gaiola, foi incompreensível e arrasador.
No mesmo dia, mesmo não tendo uma religião, entrou em uma igreja católica que estava aberta, não rezou, não falou, mas, ficou muito tempo sentado em silêncio meditando. Perguntando-se:
E se Deus não existe, por que senti tudo isso?
A partir daquele momento começa um novo caminho, com muitas perguntas e ávido por muitas respostas. Passa a procurar Deus em todos os lugares. Procura por Deus nas ruas, nas flores, nas florestas, nas águas, na terra, nas casas, nas estrelas, e descobre que Deus... sempre esteve ao seu lado, por isso é que nunca te vi, mas sempre te amei, e sempre te amei, sem nunca te ver.
Agora uma paisagem pintada com as cores do acaso, surge como luzes e clarões mostrando os caminhos nas estrelas, onde terá de ir para o encontro de si.
É um novo recomeço, procura dar o máximo no trabalho, sua vontade é muito maior que suas forças, luta muito para fugir de novos conflitos, para sua fé e crença não ficarem abalados. Vai superando cada novo obstáculo e traçando planos para o futuro que imaginava. Mas, para o futuro que ele queria, seria preciso uma maquina do tempo. Queria um futuro tão distante, onde o amor fosse pleno, e não existissem doenças ou pessoas tristes, queria apenas que o mundo fosse a mais completa harmonia, com pessoas indo e vindo, ruas arborizadas e jardins floridos, onde a musica suave e harmoniosa, soasse de todos os lugares, preenchendo todos os espaços. Transformando o mundo do sonhos de um sonhador.
E assim, volta ao mundo real, dando duro para construir um lar para sua família, que só Deus sabe como será?
Se Deus não existisse... Será que teria ele, forças para retomar a vida?
Se Deus não existisse, como seria esse mundo que conhecemos, seria assim como é?
Então lhe pergunto:
_Você acredita na existência de Deus?
E se Deus não existisse?
Onofre Vieira