O primeiro amor

Lá estavam eles, um casal de adolescentes dentro do vagão, alheios a tudo e a todos, só viam um ao outro. Ela com a cabeça

recostada em seu ombro e ele com as mãos entrelaçadas as dela.

Um amor entregue e inteiro. Ainda puro e desarmado, sem máculas e feridas. Uma relação que não leva o peso de um passado, sem separações anteriores, despedidas ou partidas.

O primeiro que anseia ser o último. Um momento em que só existe a intensidade do presente, não se pensa nos poréns ou obstáculos que a vida por ventura irá criar: as noites em claro de faculdade, os dias enclausurados em um estágio e as mil pessoas com as quais ainda vão se deparar...tudo ainda parece tão distante...

A descoberta iniciada juntos que ainda carrega a inocência de se deixar surpreender e ser surpreendido. A disposição de lutar

a qualquer custo para assegurar o direito de perderem sua identidade um no outro..De fugir quando contrariados..De soerguer quando confrontados e terminar tudo em um beijo...

A razão de não ter razão! De chorar todas as lágrimas e rir todos os risos, sem ponderar méritos ou medidas. A felicidade da primeira realização em vencer a infância e a fantasia e tocar pela primeira vez a realidade.

E apesar disso, ainda viverem um sonho sem fim desde que estejam juntos.

Assim estavam e assim ficaram, só levantando quando enfim chegaram a estação destino, mas sem em nenhum momento soltarem as mãos.

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 24/07/2015
Código do texto: T5322097
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