CASTIGO CRUEL

Sou contra qualquer tipo de castigo físico a crianças e adolescentes, isso não só por causa da lei, mas porque acho completamente errado. Mas isso não significa que seja contra outros tipos de "castigos" para tentar colocar a meninada nos eixos. Mas quando falo nisso as pessoas riem porque sou incapaz de castigar, nem de leve.

Mas tenho um irmão que é especialista em infligir castigos aos filhos. Detalhe: nunca deu um croque ou uma tapa em nenhum deles. Mas seus castigos costumam surtir efeito, limitam-se a impedi-los de participar dos folguedos próprios a sua idade. Corta a diversão e é tiro e queda.

Mas havia uma exceção, o seu ponta-de-rama (ele tem seis filhos, duas moças e quatro marmanjos, o mais novo com 14 anos), esse garoto é o cão chupando manga, ardiloso, folgado, impossível à beça. Vivia sempre aprontando. Mas a última foi a gota d'água para transbordar a paciência do pai. Uma velha chata que gosta de atanazar a gurizada, até telefonando para a polícia quando eles começar a jogar bola, parece que furou a bola com uma faca, o menino então deu uma escualhambaação nela terminando por imitar Boechat, mandou a véia procurar aquela ave. Ela reclamou ao pai dela que resolveu aoplicar um castigo em regra ao filho. Passou dias meditando, tomar a "maquininha" era pouco, proibir de jogar bola também, cortar mesada da mesma forma. Mas derepente teve uma idéia brilhante.

No outro dia às três da tarde chamou o filho e mandou-o sentar-se na frente da televisão num banquinho (não cadeira, um banco de feira incômodo), ligou a televisãso no canal do Senado Federal, ia haver uma sessão para apreciar um veto, uma serssão ruidosa, casa cheia. Ia entrar pela madrugada, discursos que não acabavam mais. O garoto ficou ali ouvindo os senadores falarem e discutirem. Ouviu os "simpáticos" José Agripino, Álvaro Dias, Romero Jucá, Marta boca mole Suplicy, Ronaldão Caiadão, Aecim do Aeroporto e do teste do bafômetro, Cássio Lima, Zé Serra da orelhinha e falando cochichando, um tal Aluízio que spó vive com raiva, alguns bundões do PT... Ogaroto começou a suar frio, era tortura demais, um castigo cruel. Quando um senador amostrado e metido a salvador da juventude, um tal Magno começou a gritar, o garoto chegou ao seu limite e suplicou ao pai: "Meu pai, pelo amor de Deus, me tire desse castigo, me dê auma pisa de cinturão, uns taspas, uns chutes, faça o que o senhor quisermas não me obrigue a ficar ouvindo esses doidos falando, tenha pena de mim, eu nao aguento mais". O pai desligou a tevê. Mas antes advertiu que se ele voltasse a aprontar voltaria apara esse castigo.

Resultado, o menino hoje está uma seda. Está inclusive muito bem nos estudos. Mas, confesso, acho que meu irmão exagerou, o castigo foi mesmo cruel.