CINZA

Sempre fui a mais exótica mistura de cores.

Os objetos,os fatos,os dias,os seres e os sentimentos,assim como todos tem um nome,para mim,também tinham cores.

E não me refiro a cor da pele;falo da energia que a acompanha; e não falo de aura,que é duradoura;falo da alegria,do humor,da esperança e do destemor.

Falo da raiva,da inveja,da frustração e da dor.

Falo do altruísmo e do egoísmo.

Falo das emoções que determinam como enxergamos a vida naquele momento.

O momento esperado,o momento desesperado,o momento que não veio...

Posso estar feliz,mas estar triste por alguém,alegre e com dor em uma parte do corpo...Amar e não estar sendo amada...

Uma profusão de cores me envolve e as coisas para as quais eu olho.

Tenho todas as gamas de cores em mim.

Eu,girando tal qual uma bailarina,no baile da vida,dando vida a própria vida ao lhe imputar e distribuir cores.

Bailarina me tornei sem aprender a dançar,uma bailarina e um pintor,que nunca aprendeu a pintar.

E assim sou várias,apenas sendo uma,pois sou o regente desta orquestra e o ator que desenvolve seu papel,ao som de cada sinfonia.

Ter cores é simultaneamente ter em si todos os sabores.

Sei também as texturas de tudo, sem tocar,se em cores,conseguir lhes transformar.

A vida,a linda vida colorida,parece que se tornou finda...

A bailarina e o pintor; o maestro e o ator,se foram com a tristeza que tudo enrudesceu, endureceu,recrudesceu,e na mais cruel das vinganças,ainda misturou todas as tonalidades de todas as cores,permitindo que doravante apenas eu visse,vivesse e sentisse, num certo tom de cinza... (eu)