Mudanças

Escondido no silêncio de um vale residia uma imponente floresta. Essa floresta estava disposta a ensinar... Sem descriminação de raça ou credo, ela desejava ensinar a todos que por ali passassem, mas havia algumas condições, ela só poderia ensinar os de espírito paciente, os de olhos observadores, os de corações sensíveis...

Certa manhã começara a nevar nessa floresta, os de espírito paciente observaram a neve vagarosamente a tocar os troncos das árvores, e conforme a neve anestesiava, e conforme a neve encobria, os mais pacientes sorriam, pois aquele cenário, que antes era marrom e triste passará a se tornar branco e bucólico e dava para perceber que a floresta era envolvida por uma capa alva e gélida, mas o que os de espírito paciente não percebiam é que, ao mesmo tempo em que a floresta encantava, ela sentia dor, uma profunda dor...

Certa tarde começara a derreter a neve dessa floresta, os de olhos observadores perfilavam a neve vagarosamente a derreter, e conforme as águas voltavam a correr livres no rio, as folhas e flores queriam aparecer, os pássaros queriam cantar e a vida queria viver, mas o que os de olhos observadores não percebiam é que, ao mesmo tempo em que a floresta renascia, ela sentia dor, uma profunda dor...

Certa noite a temperatura estava muito agradável, os de corações sensíveis, sentiam que o calor arejava a floresta, e conforme a noite seguia, as estrelas brilhavam, as nuvens dormiam e as corujas voavam, mas o que os de corações sensíveis não percebiam é que, ao mesmo tempo em que a floresta aquecia, ela sentia dor, uma profunda dor...

Certo dia as folhas se esparramavam pelo chão cálido e cinza da floresta, eu, que passei um ano morando nessa floresta, me espantava... E conforme as estações passavam: o inverno encantava, a primavera renascia e o verão aquecia. O discreto outono morria, e ao mesmo tempo, em que a floresta morria, eu sentia dor, uma profunda dor...

Quando a última folha tocou o chão, eu finalmente entendi a floresta... Essa floresta que tanto mudava... Essa floresta que tanto sentia dor... Eu finalmente entendi que quando a última folha de nossa alma cai e possível seguir mais forte... É possível resistir às estações... É possível perpetuar durante os séculos... É possível vencer como a floresta...

Rascunho de Poeta
Enviado por Rascunho de Poeta em 18/06/2007
Código do texto: T531680
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