P A S T O R I L

Sei que somente as pessoas mais adentradas nos anos recordam o Pastoril. Era um grupo de mocinhas que cantavam e dançavam nas festas do Natal, disputando os aplausos do distinto publico e também as contribuições para a Igreja. Havia dos cordões, o azul e o vermelho que em Arcoverde era encarnado. ~Cada cordão tinha a sua contramestra, sempre uma garota muito bonita. E para comandar os dois cordões, sem tomar partido, havia a Diana. Esse "folguedo" durou até a década de 60.

Vejam bem, naquela época o comunismo era o inimigo público número um. Por isso as mocinhas não gostavam de integrar o cordão vermelho que era a cor do comunismo. Mas aí uma freira de mentalidade mais aberta acabou com esse preconceito dizendo que o azul era a cor de Nossa Senhora e o vermelho do Espírito Santo. Foi tiro e queda, acabou o medo de ser do encarnado. O padre reacionário ainda quis chiar, mas um sacristão espero que arrecadava as doações conseguiu fazer ele maneirar, o dinheiro sempre faslou mais alto.

Se por um lado, havia a condenação ao vermelho e ao comunismo, havia, por outro lado, as exceções famílias que gostavam do danado do comunismo, exceção, mas havia. Um dos meus amigos, apelidado de Moscouzinho, era radical no seu apego ao vermelho, botou até no telhado de casa aama bandeira vermelha. Era vermelho até à medula. Ainda hoje é assim. Tem mais: nunca assimilou a queda do comunismo no leste europeu e ainda é stalinista.

Mas esse sujeito radical tinha uma fraqueza em relação ao Pastoril: tocia pelo cordão azul. E torcia demais. Chmado às falas pelos amigos, inclusive por mim, sobre o porquê daquele contradição do caralho, ele explicou calmamente, era arriado os quatro pneus pela contramestra do cordão azul, e principalmente pelascoxas dela. Só essa mcoinha conseguia que ele abrisse uma exceção na sua adoração pelo vermelho. Uma prova que os radicais também amam. Chegou até a namorar com a mocinha, mas não deu certo, ela se encheu com a conversa dele sobre o comunismo. O interessante é que casou com a contramestra do cordão vermelho, muito simática mas cujas coxas não se comparavam a da mocinha do cordão azul. Viva o Pastoril.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 19/07/2015
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