A fantasia
— Mamãe, posso comprar uma fantasia para o Dia das Bruxas?
— Hum? – a mãe continua a checar os preços das diferentes marcas de requeijão.
— Mãe! – o menino grita, impaciente.
— O que foi, filho? Quer matar sua mãe de susto?
— Eu queria uma fantasia.
—Tudo bem, assim que eu comprar tudo o que preciso aqui, vamos procurar uma fantasia pra você, pode ser? – o filho assente e volta a andar atrás da mãe em silêncio pelo mercado.
Enquanto a mãe paga as compras, o menino atravessa a porta de saída e já namora com o olhar a vitrine da loja de fantasias do outro lado da rua. A mãe chega e pega sua mão, eles atravessam juntos.
A mãe espera na parte da frente da loja, enquanto o filho corre para dentro eufórico. Em alguns minutos, ele retorna com uma fantasia em mãos.
— Eu quero essa.
Os olhos da mãe se arregalam e seu queixo cai. Ela tenta se recompor e fala para o filho:
— Essa não meu amor, escolha uma outra. - ela tenta tirar a fantasia do filho delicadamente.
— Mas eu quero essa! – ele segura a roupa com todas as suas forças e a abraça.
A mãe olha em volta e percebe que os outros clientes estão olhando para ela, esperando sua reação.
— Escolha outra fantasia, ou não vai levar nenhuma.
— Mas, mãe!
— Não me desobedeça! Anda, escolhe outra, pega aquela de astronauta, que eu consigo ver daqui. Vai, anda!
— Eu quero essa fantasia! Não entendo qual o problema com ela, mãe! Óh, é baratinha até! – o menino sacode a etiqueta de preço freneticamente.
— Eu não quero que você use essa fantasia!
— Por que mãe?
— Porque não! É tão difícil assim simplesmente obedecer? – a mãe começa a se desesperar, mas tenta manter a voz baixa.
Em algum lugar da loja, uma senhora grita na direção dos dois:
— É isso aí! Tem que endireitá-lo agora, enquanto ainda é pequeno. Só Deus sabe a vergonha que a senhora passaria com um filho desses!
A mãe congela por um momento, olha para o menino à sua frente, então volta-se para a senhora:
— Eu nunca teria vergonha do meu filho! Filho a gente ama de qualquer jeito. – e diz para ele – Dá a fantasia pra moça do caixa, que a mãe vai pagar.
O menino abre um sorriso de orelha a orelha e deixa a roupa sobre o balcão.
A mãe passa o cartão, pega a pequena fantasia de princesa, deseja um bom dia para todos, e sai sem nem reparar nas caras incrédulas que deixa para trás na loja.