ARGENTINOS X BRASILEIROS

Muito se fala na rivalidade existente entre argentinos e brasileiros. Aqui no Brasil denegrindo a imagem de nossos vizinhos e lá, denegrindo nossa imagem. Eles dizem que somos “macaquitos” e nós dizemos que eles são tudo de ruim que se possa imaginar.

E essa rivalidade acentuou-se ainda mais nos últimos anos, principalmente em decorrência do futebol onde, no momento, estamos em situação melhor que a deles.

Mas, deixando de lado essa bobagem toda, o que na verdade tem de ser visto é a cultura dos dois povos, seus princípios, seus objetivos e conceitos perante o mundo, a seriedade de seus governantes e, principalmente, o comportamento e o pensamento da população em relação aos problemas que afligem os dois países.

E é aí que o bicho começa a pegar. Em termos de cultura é incontestável a superioridade de nossos vizinhos que têm a sorte de não possuir em seu território nada parecido com o que temos por aqui, como por exemplo, o coronelismo que ainda impera em determinadas regiões de nosso país, bloqueando seu desenvolvimento moral e cultural.

Circulou pela Internet em 2006 um texto chamado “A Realidade Sobre a Maioria dos Brasileiros” que falava de nossas “qualidades”. Nele, o autor (o texto veio sem os créditos de autoria) desmistifica toda a gama de conceitos sobre o brasileiro, que é sempre visto como um povo bondoso, trabalhador, honesto, etc... Mentira, diz o texto: o brasileiro é um povo aproveitador, que só pensa em levar vantagem sobre seu semelhante, que não hesita em corromper-se na primeira oportunidade que tiver para isso. Um povo sem cultura que se vende a troco de muito pouco, como as mulatas cariocas rebolando e posando de prostitutas e comandadas pelo “Neguinho” da Beija-Flor, durante a última Copa do Mundo de Futebol, ocorrida na Alemanha (lembram-se?). Exemplos desse quilate não faltam e não é à toa que as mulheres de nosso país têm a fama de prostitutas, onde se incrementa e se aceita facilmente o turismo do sexo.

Aqui, tendo pagode (argh), Carnaval, um jogo de futebol, cachaça e cerveja não precisa de mais nada. Fica tudo certo, todos ficam felizes e a roubalheira corre solta a céu aberto, a justiça lerda e medíocre nunca faz corretamente a sua parte, conchavos políticos acontecem a todo instante, a escorchante CPMF nos é cobrada e vai para tudo quanto é lugar menos para onde deveria ir, a violência explode de forma brutal e nada, absolutamente nada é feito por quem de direito e também por esse povo mesquinho que – com raras e honrosas exceções – só pensa e olha para seu próprio umbigo, não mexendo uma palha para ver a situação começar a melhorar.

E nossos vizinhos? Bem, lá é um pouco diferente. Está certo que em termos de política existem muitas semelhanças. Menem – o Sarney de lá – com seu Austral quase levou a Argentina à falência, situação que se repetiu recentemente com outros personagens menos famosos. Mas seu povo conseguiu impedir a posse de um presidente, forçou a retirada do Cavallo do poder, vive batendo panela na “Plaza de Mayo” e na “Casa Rosada”, dando assim um exemplo de cidadania e do que é ser um povo politizado e com objetivos concretos e delineados. Aqui, expulsamos o Collor e só. Mesmo assim aí está ele de volta, já devidamente reeleito por algumas pessoas que habitam esta Terra eternamente traída por quem deveria protegê-la (os políticos) e eternamente esquecida por quem deveria amá-la (o povo).

Não se vê na Argentina, por exemplo, suas mulheres sendo exploradas e vendidas ao mundo como aqui no Brasil. Lá existe pudor, existe cultura, existe beleza interior de pensamentos sóbrios. Aqui, infelizmente, somos um povo apenas ufanista, tocado por políticos também ufanistas e sem princípios éticos e morais, que ainda compram votos dando um sapato antes e o outro após as eleições, caso sejam eleitos ou reeleitos.

Portanto, antes de ofendermos nossos vizinhos, vamos refletir bem sobre isso. Porque o argentino é gente que pode sim se vangloriar de ser o que é e de considerar-se o povo mais culto dessa nossa triste e sofrida América do Sul.

Penso que, se ao invés de ficarmos nessa briguinha ridícula de gato e rato, com piadinhas sem graça sobre eles, ganharíamos mais se procurássemos entendê-los e, em muitos casos, seguir os exemplos vindos de lá.

Não tenho nenhuma procuração para defender nossos vizinhos, mas aprendi com o tempo a discernir melhor sobre tudo aquilo que se passa ao meu redor, na minha vida e no meu país.

Como dizia aquele antigo filme, “Assim Caminha a Humanidade”.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 18/06/2007
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