REPUBLICANDO-ME
O AJUDANTE DO DIVINO
Já era noite. Me preparava para encerrar mais um dia de rotina no escritório.
O telefone toca. Era um amigo, que me fazia um convite para inauguração de um “barzinho”.
Petiscos, bebidas e uma boa música ao vivo.
Dou uma organizada na mesa, desligo o computador, e resolvo prestigiar o evento. Era uma boa oportunidade para rever os amigos. Afinal eu andava sumido nos últimos tempos.
Ao chegar no local notei que não havia estacionamento, teria que parar na avenida. Dei a volta no quarteirão e encontrei uma vaga pertinho do “barzinho”.
Estacionei, desci do carro, acionei o alarme, quando ouvi uma vozinha
atrás de mim:
– Tio, tio… posso cuidar do carro???
Viro e me deparo com um garoto, aparentava ter na faixa de dez a onze anos, magro, rosto sujo (resquícios de um resfriado, eu acho). Brinquei com ele:
– Jesus e Nossa Senhora cuidam pra mim.
Ele me pega de surpresa:
– Ah! tio… deixa eu ajudar eles a cuidar.
Sorrio. Faço um ok pra ele e me encaminho para o “barzinho”.
Sentado, já degustando uns petiscos (brinde da casa), penso no raciocínio
rápido do garoto, e me pergunto:
– O que será que ele vai ser quando crescer???