A DEPRESSÃO AO ALCANCE DE TODOS
Claro que não podemos generalizar e afirmar que a depressão está tão presente assim na vida das pessoas, mas garanto ser ela uma grande amiga e fiel companheira da maioria dos idosos. E não me venham lá com essa de sermos, após os sessenta, da Melhor Idade... é que não tem jeito de evitar então só nos resta tentar se enquadrar como todo e qualquer “bom velhinho” que tem as pernas dormentes pela falta de circulação – polioneuropatia – dizem os médicos, o corpo todo tomado pela artrite, tendinite, sinusite, artrose (para acabar com a rima) e ainda sendo obrigado a estampar um belo sorriso nos lábios. Ai como a vida é bela... e dolorida. Li recentemente um livro de autoria do Dr. Atul Gawande – (que me foi emprestado por um grande e querido amigo) cujo título MORTAIS achei muito sugestivo. Excelente leitura - Primeiro lugar na lista dos mais vendidos do New York Times. No preâmbulo: - Nós, a medicina e o que realmente importa no final. (???) Só que este grande cirurgião americano o escreveu preocupado com a sua realidade: Como enfrentamos o envelhecimento das pessoas que amamos – esta a tônica de seu livro – e conta vários casos de pessoas que são obrigadas a viver “sua velhice” em casas de repouso cercadas de cuidadores, psicólogos, enfermeiras, um Instituto de Previdência Pública extremamente eficiente, planos de Previdência Privada excelentes, Seguros Sociais e ótimos hospitais, enfim, toda a estrutura necessária a um final de vida digno de qualquer cidadão que tenha trabalhado e feito a sua parte. E ele muito preocupado em razão de que, o avanço da medicina explica, alonga a vida de forma tal que a população idosa, a cada dia que passa fica mais carente, depressiva, perdendo da vida o sentido do bem estar em frente a tantos problemas de saúde que a idade acaba provocando. E já começam a considerar, a pedido dos próprios pacientes, de não ligarem os aparelhos em casos de emergência, o que vai de encontro às próprias expectativas dos médicos em sua missão maravilhosa de salvar vidas. Afinal a questão em debate, na opinião do Dr. Gawande é: qual o erro que mais tememos?- O erro de prolongar o sofrimento ou o erro de encurtar a valiosa vida? E aí eu fico pensando no nosso pobre e devastado Brasil, campeão dos escândalos, da corrupção, das negociatas, com seu Sistema Prisional falido, Educação sucateada, criminalidade assustadora, impunidade, Previdência Social excelente para os governantes e políticos, mas desumana para o povo de maneira geral, principalmente para os aposentados. Aqui só temos o que chamam de antigos asilos na América do Norte e em condições de extrema pobreza a não ser uns poucos administrados por instituições religiosas. A nossa saúde pública com os hospitais em péssimo estado de conservação acumulam pacientes nos corredores. As Casas de Repouso em nosso país são privilégios para poucos e os planos de saúde existentes não dão a população mais carente condições de respeito que nosso povo merece. Por tradição, nossas famílias procuram manter seus idosos em seu seio e é costume ver famílias com duas a três gerações morando juntas... pais, filhos e netos. Só que, nesses tempos modernos, com a grande quantidade de casais que estão se separando, a tendência dessas famílias é se desintegrarem. É então o cenário ideal para que a depressão apareça. Ela vem em comum com certas doenças degenerativas ou mesmo sozinha. Aproveita qualquer motivo – a solidão, a carência afetiva, a diferença de comportamentos entre gerações no seio da família, dores intermitentes, enfim, qualquer coisa para alcançar seu intento... instalar-se confortavelmente em um corpo e se aproveitar dele até seus últimos instantes de vida. Fuja dela! E quer saber de uma coisa: Nada como o amor para fazê-lo viver uma eternidade! A vida é assim mesmo: quando jovens temos força para construir e realizar qualquer coisa, transpor barreiras, lutar, amar, criar nossos filhos, vê-los casar-se, acompanha-los, protegê-los, até que vamos, aos poucos, nos esvaindo no tempo, onde não mais nossa palavra revela a sabedoria esperada e nossa experiência já não encontra razão para ser compreendida. Mas não importa, lute, não esmoreça... até seu último sopro de vida; em verdade a única coisa que te pertence. Urias Sérgio de Freitas
Claro que não podemos generalizar e afirmar que a depressão está tão presente assim na vida das pessoas, mas garanto ser ela uma grande amiga e fiel companheira da maioria dos idosos. E não me venham lá com essa de sermos, após os sessenta, da Melhor Idade... é que não tem jeito de evitar então só nos resta tentar se enquadrar como todo e qualquer “bom velhinho” que tem as pernas dormentes pela falta de circulação – polioneuropatia – dizem os médicos, o corpo todo tomado pela artrite, tendinite, sinusite, artrose (para acabar com a rima) e ainda sendo obrigado a estampar um belo sorriso nos lábios. Ai como a vida é bela... e dolorida. Li recentemente um livro de autoria do Dr. Atul Gawande – (que me foi emprestado por um grande e querido amigo) cujo título MORTAIS achei muito sugestivo. Excelente leitura - Primeiro lugar na lista dos mais vendidos do New York Times. No preâmbulo: - Nós, a medicina e o que realmente importa no final. (???) Só que este grande cirurgião americano o escreveu preocupado com a sua realidade: Como enfrentamos o envelhecimento das pessoas que amamos – esta a tônica de seu livro – e conta vários casos de pessoas que são obrigadas a viver “sua velhice” em casas de repouso cercadas de cuidadores, psicólogos, enfermeiras, um Instituto de Previdência Pública extremamente eficiente, planos de Previdência Privada excelentes, Seguros Sociais e ótimos hospitais, enfim, toda a estrutura necessária a um final de vida digno de qualquer cidadão que tenha trabalhado e feito a sua parte. E ele muito preocupado em razão de que, o avanço da medicina explica, alonga a vida de forma tal que a população idosa, a cada dia que passa fica mais carente, depressiva, perdendo da vida o sentido do bem estar em frente a tantos problemas de saúde que a idade acaba provocando. E já começam a considerar, a pedido dos próprios pacientes, de não ligarem os aparelhos em casos de emergência, o que vai de encontro às próprias expectativas dos médicos em sua missão maravilhosa de salvar vidas. Afinal a questão em debate, na opinião do Dr. Gawande é: qual o erro que mais tememos?- O erro de prolongar o sofrimento ou o erro de encurtar a valiosa vida? E aí eu fico pensando no nosso pobre e devastado Brasil, campeão dos escândalos, da corrupção, das negociatas, com seu Sistema Prisional falido, Educação sucateada, criminalidade assustadora, impunidade, Previdência Social excelente para os governantes e políticos, mas desumana para o povo de maneira geral, principalmente para os aposentados. Aqui só temos o que chamam de antigos asilos na América do Norte e em condições de extrema pobreza a não ser uns poucos administrados por instituições religiosas. A nossa saúde pública com os hospitais em péssimo estado de conservação acumulam pacientes nos corredores. As Casas de Repouso em nosso país são privilégios para poucos e os planos de saúde existentes não dão a população mais carente condições de respeito que nosso povo merece. Por tradição, nossas famílias procuram manter seus idosos em seu seio e é costume ver famílias com duas a três gerações morando juntas... pais, filhos e netos. Só que, nesses tempos modernos, com a grande quantidade de casais que estão se separando, a tendência dessas famílias é se desintegrarem. É então o cenário ideal para que a depressão apareça. Ela vem em comum com certas doenças degenerativas ou mesmo sozinha. Aproveita qualquer motivo – a solidão, a carência afetiva, a diferença de comportamentos entre gerações no seio da família, dores intermitentes, enfim, qualquer coisa para alcançar seu intento... instalar-se confortavelmente em um corpo e se aproveitar dele até seus últimos instantes de vida. Fuja dela! E quer saber de uma coisa: Nada como o amor para fazê-lo viver uma eternidade! A vida é assim mesmo: quando jovens temos força para construir e realizar qualquer coisa, transpor barreiras, lutar, amar, criar nossos filhos, vê-los casar-se, acompanha-los, protegê-los, até que vamos, aos poucos, nos esvaindo no tempo, onde não mais nossa palavra revela a sabedoria esperada e nossa experiência já não encontra razão para ser compreendida. Mas não importa, lute, não esmoreça... até seu último sopro de vida; em verdade a única coisa que te pertence. Urias Sérgio de Freitas