Bolsa de Valores
Não fica difícil aceitarmos o raciocínio de que “a ideia ‘arrecadadora’, a de ganhar lucros sem atenção a mais nada, tomada em si mesma, é absolutamente antissocial e destrutiva”. Somente sendo aceita se aliada à atividade produtora.
Não será essa a causa de pessoas acumularem fortunas desmedidas e continuarem com esse mesmo projeto por toda a vida? Às vezes até mesmo depois de completarem 80/90 anos?
Hoje, quando falamos em atividades ilícitas, desvio de dinheiro, corrupção, as somas já não são computadas em milhões de reais, mas em milhões de dólares, valendo o dólar mais ou menos o triplo do que vale o real. Trata-se de uma avidez que não se extingue. Alguns financistas ou financiadores são, na verdade, “gananciadores”.
Será que não se trata também de um problema educacional? Onde está o nosso cofrinho, em forma de um pequeno porco, no qual costumávamos acumular as primeiras moedas que arrecadávamos? Pra gente aprender, desde cedo, que o dinheiro resolve tudo, é o que movimenta o mundo e que quanto mais, melhor?
É o que nos dá tranquilidade à alma e paz de espírito. Porque nos permite a aquisição de tudo o que necessitamos para viver e o pagamento de todas as nossas dívidas e contas, algumas de caráter permanente. Só que em busca dessa satisfação pessoal, somos levados automaticamente a não nos lembrarmos de que, para preenchê-la, não precisamos amealhar todo o dinheiro que pudermos conseguir. Até de forma irregular.
Talvez devêssemos recorrer aos ensinamentos com chances ainda de serem extraídos das organizações tribais primitivas e adaptá-los, tanto quanto possível, à vida moderna. Em busca de valores convenientemente já esquecidos, apesar de imperecíveis. Que têm para nós apenas um peso retórico, enquanto os valores que de fato discutimos e nos interessam são na verdade outros. Embora perecíveis.