O MÊS DE SANTA ANA

Fui durante 30 anos funcionário do Banco do Nordeste. Sempre lotado na carteira rural, o que, óbvio, me fez aprender muito da vida. O pessoal do campo é muiito sábio. E bom.

Vejam bem, quando tomei posse não sabinha nadinha das lides rurais e por isso mesmo jamais severia ser indicato para trabalhar nesse setor. Mas a lógica é sempre atropelada,e isso só me trouxe vantagens e um grande prazer. Fui encarregado, pasmem, de tomar as propostas dos clientes, agricultores e pecuaristas que solicitabvam empréstimos rurais. Foi duro no início, mas fui deslanchando porque simpatizava muito com aquele pessoal e eles, pasmem outra vez, comigo, acho porque notavam que eu era mobral nos assuntos do campo e muito humilde e interessado no que eles falavam, gosta de ouvi-los, mesmo depois de preencer os formulários das propostaas. Mas havia uma dificuldade, quando chegava na parte que era preciso anotar a época da colheita do feijão, eles sempre respondiam que era no mês de Santana, eu não sabia que mês era esse e fcava com vergonha de perguntar, então tacava noespaço da proposta a palavra Santana.

Um dia conversando com um sujeito que conhecera inda em Arcoverde, na adolescência, um cara que apelidavam de Espinha de Garganta, imaginem o motivo, contei a ele esse caso de Santa. Ele riu muito e me esclareceu que Santa Ana (separado) era o nome da mãe de Nossa Senhora,a avô de Jesus Cristo, e que o mes de julho era dedicado a ele na Região. Assim daí em diante substitui Santa por julho, mês que gosto muito porque marcava o aniversário do meu saudo pai. Um tempo depois uma auditoria detectou minhas falhas no preenchmento das propostas, e me chamaram para esclarecer. Eram dois cabras chatos, aí eu falei rosado, perfguntando a eles se sendo auditores anão sabiam que na Região era atéum insulto não saber que julho era o mês dedicado a Santa Ana que fazia aquilo para realçar o respeito do banco com a Região. Os caras desconversaram.

Hoje, depois de aposentado, tenho muita saudades dos meus tempos de bancário, dos colegas, do próprio serviço, mesmo rotineiro, mas saudade mesmo eu tenho é do ovo da zna rural, das conversas com eles, dos causos, piadas e curiosidades que eles me contavam, eles me deram muitas lições de vida. Sou fascinado pelo povo do campo.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/07/2015
Código do texto: T5309135
Classificação de conteúdo: seguro