G R O S S U R A

Não sou um cara grosseiro, mas reconheço que possuo minha porção grossura. Mas no geral, não sou um grosso. Juro.

Mas há grossuras que pratico, às vezers, involuntariamente, que depois chego a me envergonhar, E não me perdôo. De jeito nenhum.

Vou contar um desses desvios de grossura. Vejam bem, sou puto com telefonema fora de hora, como se hiouvesse uma hora determinada para se receber telefonemas. Mas sou assim, mnão gosto de atender a telefonemas.

Dia desses o telefone tocou na hora que eu estava tomando um cafezinho na cozinha. Era o telefone fixo que fica no meu quarto. Pensei em deixar o vicho tocando trim, trim, trim... Mas aí pensei na minha família, podia ser algo urgente, me aperreei e corri para atender, fui ligeiro quase correndo e aí tropecei e dei uma topada no pé da cama, atingiu a unha e começou a sangrar, mas mesmo assim eu atendi e... era engano, uma mulher perguntando se a doutora fulana de tal estava. Não tive dúvida, dei uma esculhambação e desliguei, fui cuidar da unha, e esqueci o fato, mas ele ficou no meu inconsciente. Fui à cidade, paguei umas contas, conversei com alguns amigos, almocei na rua e depois voltei para casa. Fui descansar um pouco, mas aí me lembrei do tal telefonema, da grossura que pratiquei quando poderia apenas desligar o telefone ou dizer que não era do consultório da médica. Bateu uma espécie de crise de consciência, então resolvi ligar para número da mulher. Liguei, quem atendeu fui um rapaz que foi logo se identificando e, pasmem, me pedindo desculpas pela mãe dele ter me incomodado, que ela sempre se enganava ao telefonar, que era uma senhora já idosa, não andava mais, vivia em cima da cama e todo dia vinha auma fiseoterapeuta cuidar dela, que era sua mãe e tinha, pasmem, 94 anos. Imaginem a vergonha que senti, foi tanta que comeceri a gaguejar a desculpa, ficou tudo bem, o cara era bacana, ainda me agradeceu.

Dessde esse dia deixei de dar bronca em quem me teleefona por engano, mesmo que queebre a unha. Fiquei com vergonha dessa fgrossura. Jamais vou me perdoar. Juro.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 10/07/2015
Código do texto: T5306652
Classificação de conteúdo: seguro