Um Casal de Alemães nas Serras de Minas
Quem disse que as Minas foram feitas apenas por portugueses, índios e afros?
As Minas são mesmo gerais.
Minas Gerais.
Minas explorada e por isto também construída por diversas etnias, incluindo alemães.
Maria de Oliveira em seu romance histórico Bravo Brasil nos explica o porquê e como este povo europeu saiu de suas terras e veio se aventurar aqui nos trópicos. Ela afirma que com o processo de independência...
“O Brasil andava fraco militarmente com a expulsão da oficialidade e praças das três divisões portuguesas, sediadas no Rio, Bahia e Cisplatina, que retornaram a Portugal. Assim, o Império nascente, sentindo-se ameaçado por Portugal, pelas repúblicas vizinhas e por problemas internos, viu-se na contingência de contratar estrangeiros para reforçarem o nascente Exército Imperial. Como d. Pedro I, era casado com a arquiduquesa austríaca, dona Leopoldina, filha do Kaiser Guilherme II, houve naturalmente preferência por se contratar soldados alemães.
Por isso, o médico Anton Von Schaeffer, chegado ao Brasil em 1821 e nomeado major da Guarda Imperial, por d. Pedro I, recebeu do imperador a difícil missão de ir às cortes alemãs com um objetivo declarado: angariar colonos; e outro não manifesto, secreto: conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros, situado no Rio de Janeiro. Dos dois objetivos, o segundo era o mais importante. ”*(p.37)
Anton Von Schaeffer teve sucesso em sua missão. Entre os que vieram estavam o engenheiro Henrique Halfeld que acumulava experiências também militares.
O engenheiro-militar veio com sua esposa Dorotéia Augusta Filipina e tão logo cumpriu seu tempo contratado nas tropas mercenárias de d. Pedro I quis experimentar seus conhecimentos da engenharia explorando minas.
Saiu do Rio de Janeiro e “deixando o Paraibuna para trás, seguiram para São José Del-Rei, onde estava localizada a Saint John Del Rey Mining Company, com quatro minas.”*
Henrique e Dorotéia Halfeld deixaram seus familiares na Alemanha para viver nas Minas Gerais. Inicialmente eles se estabeleceram nas proximidades da Serra de Lenheiros, Serra de São José, Serra de Cocais e Ouro Preto. Depois iriam para Juiz de Fora fincar os marcos daquela localidade onde hoje há um parque e um calçadão com o nome que homenageia: Halfeld.
No período em que Henrique Halfeld viveu no Brasil – maio de 1825 até a data de sua morte 22 de novembro de 1873 – ele e a esposa escreveram um diário relatando para seus familiares na Alemanha a viagem ao Brasil. Estes escritos foram descobertos recentemente na Dinamarca.
Nestes relatos há preciosidades sobre hábitos e costumes e impressões que este casal de imigrantes teve das terras que os acolheram e suas gentes. Por exemplo, transcrevemos aqui pequenos trechos:
“...dia 12 de maio de 1826, passamos por Matias Barbosa e pelo último posto da alfândega... no dia 16, fomos até a fazenda Dona Francisca, no dia 17, até Vila de Barbacena, uma cidade bonita localizada na Serra da Mantiqueira. Nos dias 18 e 19, ficamos em Barbacena.” *(p.64)
“E, como esse é o costume, nós os convidamos a tomar um café em nossa casa no dia do batismo. Eles vieram com suas famílias. Vieram também alguns alemães e ingleses, ao todo 24 pessoas... a madrinha vestia um vestido branco de seda, todo bordado em ouro e prata, além de sapatos e meias de seda... as mulheres usam pujantes roupas de seda, ornamentadas de ouro e diamante, mas sentam-se em seus lugares feito estátuas.”*(p.76 e 77)
Desta forma a História se faz e refaz através de seus documentos, de suas narrativas orais e da Literatura dos povos.
Recomendamos a leitura de Bravo Brasil para a compreensão da formação territorial, histórica e literária da região compreendida entre os portos do sudeste brasileiro e mineradora do interior de nossa brasilidade.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 27/06/2015.
*Este texto foi baseado na leitura de Bravo Brasil – romance histórico – de Maria de L. A. de Oliveira, Ed. Fundamento, 2ª Ed., 2015 de onde se transcreveu as citações cujas páginas são mencionadas.
ESCREVA PARA O AUTOR:
conversandocomoautor@gmail.com
Quem disse que as Minas foram feitas apenas por portugueses, índios e afros?
As Minas são mesmo gerais.
Minas Gerais.
Minas explorada e por isto também construída por diversas etnias, incluindo alemães.
Maria de Oliveira em seu romance histórico Bravo Brasil nos explica o porquê e como este povo europeu saiu de suas terras e veio se aventurar aqui nos trópicos. Ela afirma que com o processo de independência...
“O Brasil andava fraco militarmente com a expulsão da oficialidade e praças das três divisões portuguesas, sediadas no Rio, Bahia e Cisplatina, que retornaram a Portugal. Assim, o Império nascente, sentindo-se ameaçado por Portugal, pelas repúblicas vizinhas e por problemas internos, viu-se na contingência de contratar estrangeiros para reforçarem o nascente Exército Imperial. Como d. Pedro I, era casado com a arquiduquesa austríaca, dona Leopoldina, filha do Kaiser Guilherme II, houve naturalmente preferência por se contratar soldados alemães.
Por isso, o médico Anton Von Schaeffer, chegado ao Brasil em 1821 e nomeado major da Guarda Imperial, por d. Pedro I, recebeu do imperador a difícil missão de ir às cortes alemãs com um objetivo declarado: angariar colonos; e outro não manifesto, secreto: conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros, situado no Rio de Janeiro. Dos dois objetivos, o segundo era o mais importante. ”*(p.37)
Anton Von Schaeffer teve sucesso em sua missão. Entre os que vieram estavam o engenheiro Henrique Halfeld que acumulava experiências também militares.
O engenheiro-militar veio com sua esposa Dorotéia Augusta Filipina e tão logo cumpriu seu tempo contratado nas tropas mercenárias de d. Pedro I quis experimentar seus conhecimentos da engenharia explorando minas.
Saiu do Rio de Janeiro e “deixando o Paraibuna para trás, seguiram para São José Del-Rei, onde estava localizada a Saint John Del Rey Mining Company, com quatro minas.”*
Henrique e Dorotéia Halfeld deixaram seus familiares na Alemanha para viver nas Minas Gerais. Inicialmente eles se estabeleceram nas proximidades da Serra de Lenheiros, Serra de São José, Serra de Cocais e Ouro Preto. Depois iriam para Juiz de Fora fincar os marcos daquela localidade onde hoje há um parque e um calçadão com o nome que homenageia: Halfeld.
No período em que Henrique Halfeld viveu no Brasil – maio de 1825 até a data de sua morte 22 de novembro de 1873 – ele e a esposa escreveram um diário relatando para seus familiares na Alemanha a viagem ao Brasil. Estes escritos foram descobertos recentemente na Dinamarca.
Nestes relatos há preciosidades sobre hábitos e costumes e impressões que este casal de imigrantes teve das terras que os acolheram e suas gentes. Por exemplo, transcrevemos aqui pequenos trechos:
“...dia 12 de maio de 1826, passamos por Matias Barbosa e pelo último posto da alfândega... no dia 16, fomos até a fazenda Dona Francisca, no dia 17, até Vila de Barbacena, uma cidade bonita localizada na Serra da Mantiqueira. Nos dias 18 e 19, ficamos em Barbacena.” *(p.64)
“E, como esse é o costume, nós os convidamos a tomar um café em nossa casa no dia do batismo. Eles vieram com suas famílias. Vieram também alguns alemães e ingleses, ao todo 24 pessoas... a madrinha vestia um vestido branco de seda, todo bordado em ouro e prata, além de sapatos e meias de seda... as mulheres usam pujantes roupas de seda, ornamentadas de ouro e diamante, mas sentam-se em seus lugares feito estátuas.”*(p.76 e 77)
Desta forma a História se faz e refaz através de seus documentos, de suas narrativas orais e da Literatura dos povos.
Recomendamos a leitura de Bravo Brasil para a compreensão da formação territorial, histórica e literária da região compreendida entre os portos do sudeste brasileiro e mineradora do interior de nossa brasilidade.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 27/06/2015.
*Este texto foi baseado na leitura de Bravo Brasil – romance histórico – de Maria de L. A. de Oliveira, Ed. Fundamento, 2ª Ed., 2015 de onde se transcreveu as citações cujas páginas são mencionadas.
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conversandocomoautor@gmail.com