“A MESA VAZIA...”
Costumeiramente no início de cada mês, vamos até a Empresa, apanhar o material de nosso trabalho, destinado à propaganda de um Suplemento Mineral, para ser divulgado junto à classe médica, isto o fazemos há quase doze anos... Chegamos, cumprimentamos a Secretária: tudo bem? O senhor pode ir ao caixa já está preenchido o seu pró-labore. Voltamos, apanhamos o material e nos despedimos.
Durante alguns segundos olhamos sua mesa*; rememoramos quantas vezes ali o encontramos sentado e a mesa sempre repleta de papeis e algumas revistas e anotações. Conversávamos sempre que havia oportunidade; inúmeras vezes comentou sobre a revista científica editada na Alemanha, - Boletim do Magnésio. - que sempre trazia trabalhos selecionados de níveis internacionais de pesquisadores; e como reconhecimento era impresso no Boletim; desta Revista é que traduziu alguns trabalhos que foram entregues aos senhores médicos.
A Revista é bimensal; afirmava que em nosso país tinha menos de dez assinantes...
Voltamos para casa, usando como alternativa a “Linha Verde”, - antiga BR 116. - que logo a seguir estava “vermelha”. Em face de um congestionamento; um trecho de alguns minutos ficamos retidos mais de meia hora; na primeira oportunidade mudamos de roteiro; levamos mais de uma hora, num percurso que deveria demorar 15 minutos...
Hoje pela manhã, refletimos sobre ontem; a ausência do ocupante da mesa significa a transferência da existência física; o número de anos não é igual para todos.
Os valores que canalizamos nossas energias; muitos o fazem avidamente, buscando todos os meios, visando cada vez mais à busca do “ter”; e quantos não o fazem pelos meios elícitos; - a imprensa diariamente aborda.- na vã ilusão da permanência ilimitada deste plano, mas para todos será uma breve passagem.
Que ao deixarmos a “mesa vazia,” - que foi o caso dele. * - os que aqui ficaram possam recordar nosso trabalho honesto, que não visávamos tão somente nós, mas, também o bem comum. Que a nossa honestidade. - com todos e com tudo. - fizerem parte de nossos dias; vivemos no mundo e “ele não nos corrompeu”, com suas falsas promessas, pois para muitos os fins justificam os meios. A “mesa está vazia”, partimos, levando conosco o aprendizado de mais uma experiência terrena, e dignamente cumprimos o trabalho que escolhemos, não importando o seu nível; se exigiu uma formação acadêmica, ou se dentro de uma função mais simples; todos diante de Deus são importantes, desde que exercida com amor, com abnegação e com a inesgotável vontade de servir...
Talvez, muitos de nós passaremos por aqui e deixaremos anonimamente, o “vazio de nossa mesa”, porém, com certeza, o mais importante é a paz de nossa consciência, por temos cumprido as tarefas que nos foram delegadas, dando um passo a mais nas nossas edificações eternas; no caminho incessante do nosso apreender...
*Nos referimos ao amigo de muitas décadas; Professor Doutor Reinado Spiztner, cujo desenlace se deu no dia 30 de janeiro de 2010.
Curitiba, 06 de março de 2010- Reflexões do Cotidiano- Saul
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