Mania de escrever
Escrever, escrever, escrever. Ultimamente não tenho feito outra coisa na vida. Escrevo quando acordo, na parte da tarde, à noite e de madrugada, sem falar nas anotações que faço em meu caderninho de bolso nos lugares mais extravagantes, e por aí vai.
Mas, o que escrevo afinal? Tudo que me vem à mente é motivo de registro. Uma espécie de mania, compulsão, obsessão, verborreia ou coisa parecida. Uma ideia fixa que não descola de mim em momento algum e faz com que o meu pensamento esteja sempre voltado para a sublime literatura.
Em decorrência dessa brincadeira com as palavras, formei um dossiê que cresceu de tal forma, que cheguei a temer ser esmagado pelo acúmulo de papéis em uma pilha que adernava sobre minha escrivaninha de trabalho. E para evitar que essa produção epistolar provocasse um insólito acidente, matando ou aleijando o seu criador, resolvi catalogar tudo direitinho em uma pasta, que depois passei para outra até que tive a dadivosa(?) ideia de editar o primeiro livro, cujo título resumiu essa multiplicidade textual: "Miscelâneas".
Por acaso pensam que parei por aí, satisfeito com essa temerária e imprevisível decisão? Ledo engano. Convencido a essa altura que me tornava um escritor, ou pelo menos um arremedo de aprendiz nas artes das letras, decidi resolutamente (mesmo ignorando os desesperados apelos da minha cara-metade para que não o fizesse), continuar nessa verdadeira odisseia dom-quixotesca à busca de um ideal imaginário, ou seja: o reconhecimento pleno do meu trabalho, mesmo que ficasse restrito aos vizinhos do meu prédio e os amigos próximos, aos quais me apressei em ofertar alguns exemplares dessa obra para que se deleitassem (?) com o portentoso cavaleiro andante à procura de sua Dulcinéia, perdida, talvez, nos meio dos labirintos dos meus despretensiosos textos.
Assim, para espanto de alguns e pura perplexidade de outros, temerariamente editei um segundo ensaio epistolar, o que causou novamente reflexos de puro desespero no mercado literário, que havia sido previamente notificado desse meu propósito, sob o singular título: “Devaneios”, cujos originais encaminhei à editora para revisão, edição e posterior comercialização.
Mas ando com a nítida impressão de que essa decisão descabida vá me causar uma grande dor de cabeça em termos financeiros, já que não basta colocar um livro em uma livraria da vida qualquer. Antes é necessário fazer sua propaganda na mídia, no corpo-a–corpo, na internet e sabe-se lá Deus de que outras formas, para que o pobre leitor alvo seja previamente informado acerca do que estará realmente adquirindo.
Marinheiro de primeira viagem é assim mesmo. Ninguém conhece e nem liga a mínima. Alguém, por exemplo, compraria um livro de um autor desconhecido apenas pela bela apresentação gráfica presente em sua capa? Dificilmente. Acho que nem os amigos mais próximos o fariam, ainda que por solidariedade. Ninguém compra nada apenas para ser bonzinho. Quando muito, comparece curioso à noite de autógrafos somente para ver se estará lá mais alguém além do conhecido círculo de amizades do autor, e assim mesmo ficará em local estratégico, de forma não permitir que seja visto, principalmente pelo dono da festa literária. Seria constrangedor ser obrigado a comprar um exemplar por força de um prosaico acidente de percurso, não é mesmo?
Então, o que faz com que continue insistindo nessa ideia maluca de querer ser escritor, mesmo contra a vontade de muitos? (ou de todos)? Não sei, sinceramente! Apenas que, de repente, senti uma enorme necessidade de botar o preto no branco e retratar tudo o que vem à mente num torvelinho impossível de ser refreado, e faz que mesmo sabedor dos percalços a que estarei sujeito, insista fincar pé firme nessa decisão temerária de ser um Paulo Coelho da vida, mesmo à custa de qualquer sacrifício
A menos, claro, que antes disso seja linchado em praça pública pelos escassos e revoltados leitores que, temerariamente, tenham adquirido alguns exemplares das minhas controversas obras.
Escrever, escrever, escrever. Ultimamente não tenho feito outra coisa na vida. Escrevo quando acordo, na parte da tarde, à noite e de madrugada, sem falar nas anotações que faço em meu caderninho de bolso nos lugares mais extravagantes, e por aí vai.
Mas, o que escrevo afinal? Tudo que me vem à mente é motivo de registro. Uma espécie de mania, compulsão, obsessão, verborreia ou coisa parecida. Uma ideia fixa que não descola de mim em momento algum e faz com que o meu pensamento esteja sempre voltado para a sublime literatura.
Em decorrência dessa brincadeira com as palavras, formei um dossiê que cresceu de tal forma, que cheguei a temer ser esmagado pelo acúmulo de papéis em uma pilha que adernava sobre minha escrivaninha de trabalho. E para evitar que essa produção epistolar provocasse um insólito acidente, matando ou aleijando o seu criador, resolvi catalogar tudo direitinho em uma pasta, que depois passei para outra até que tive a dadivosa(?) ideia de editar o primeiro livro, cujo título resumiu essa multiplicidade textual: "Miscelâneas".
Por acaso pensam que parei por aí, satisfeito com essa temerária e imprevisível decisão? Ledo engano. Convencido a essa altura que me tornava um escritor, ou pelo menos um arremedo de aprendiz nas artes das letras, decidi resolutamente (mesmo ignorando os desesperados apelos da minha cara-metade para que não o fizesse), continuar nessa verdadeira odisseia dom-quixotesca à busca de um ideal imaginário, ou seja: o reconhecimento pleno do meu trabalho, mesmo que ficasse restrito aos vizinhos do meu prédio e os amigos próximos, aos quais me apressei em ofertar alguns exemplares dessa obra para que se deleitassem (?) com o portentoso cavaleiro andante à procura de sua Dulcinéia, perdida, talvez, nos meio dos labirintos dos meus despretensiosos textos.
Assim, para espanto de alguns e pura perplexidade de outros, temerariamente editei um segundo ensaio epistolar, o que causou novamente reflexos de puro desespero no mercado literário, que havia sido previamente notificado desse meu propósito, sob o singular título: “Devaneios”, cujos originais encaminhei à editora para revisão, edição e posterior comercialização.
Mas ando com a nítida impressão de que essa decisão descabida vá me causar uma grande dor de cabeça em termos financeiros, já que não basta colocar um livro em uma livraria da vida qualquer. Antes é necessário fazer sua propaganda na mídia, no corpo-a–corpo, na internet e sabe-se lá Deus de que outras formas, para que o pobre leitor alvo seja previamente informado acerca do que estará realmente adquirindo.
Marinheiro de primeira viagem é assim mesmo. Ninguém conhece e nem liga a mínima. Alguém, por exemplo, compraria um livro de um autor desconhecido apenas pela bela apresentação gráfica presente em sua capa? Dificilmente. Acho que nem os amigos mais próximos o fariam, ainda que por solidariedade. Ninguém compra nada apenas para ser bonzinho. Quando muito, comparece curioso à noite de autógrafos somente para ver se estará lá mais alguém além do conhecido círculo de amizades do autor, e assim mesmo ficará em local estratégico, de forma não permitir que seja visto, principalmente pelo dono da festa literária. Seria constrangedor ser obrigado a comprar um exemplar por força de um prosaico acidente de percurso, não é mesmo?
Então, o que faz com que continue insistindo nessa ideia maluca de querer ser escritor, mesmo contra a vontade de muitos? (ou de todos)? Não sei, sinceramente! Apenas que, de repente, senti uma enorme necessidade de botar o preto no branco e retratar tudo o que vem à mente num torvelinho impossível de ser refreado, e faz que mesmo sabedor dos percalços a que estarei sujeito, insista fincar pé firme nessa decisão temerária de ser um Paulo Coelho da vida, mesmo à custa de qualquer sacrifício
A menos, claro, que antes disso seja linchado em praça pública pelos escassos e revoltados leitores que, temerariamente, tenham adquirido alguns exemplares das minhas controversas obras.