A vendedora de doces
Eu estou no ônibus, encaminhando-me ao terminal de Integração e pensando em voltar rápido para casa quando sobe uma moça jovem, carregando uma caixa com doces,dizendo-nos:
-Por favor, senhores, eu estou desempregada e sou mãe de três filhos que preciso sustentar. Quem quiser me ajudar, pode comprar uma barra de chocolate por um real ou balas de café por cinquenta centavos.
Imediatamente, resolvo comprar e chamo a moça:
-Quero as balas e o chocolate, moça, por favor.
Na maior alegria, ela me vende e eu falo:
-Eu também estou desempregada e sei como isso entristece.
Ela me agradece imensamente e sai oferecendo seus doces aos outros passageiros. Alguns compram, outros recusam educadamente.
Depois que ela desce, penso em como a crise no Brasil nos atingiu de forma brutal e temos que nos virar da melhor forma enquanto a situação não se ajeita. Até lá, essa moça terá que lutar muito, andando pela cidade e oferecendo seus doces para sustentar a si mesma e a seus filhos.
Ao descer no terminal de Integração para esperar o ônibus que me deixará em casa, não deixo de pensar na moça. Pergunto-me se hoje ela conseguirá vender uma boa quantidade para prover o sustento da família, porque sei que, muitas vezes, pessoas que vivem de vender passam o dia inteiro sem vender quase nada. Qual será o futuro dela e de seus filhos? Seu futuro é incerto, como o de todos nós.