CHEGA DE MÁGOA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
"Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais. A gente levanta, a gente sobe, a gente volta!... O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
O que a vida quer da gente é coragem. Falar é fácil, Guimarães Rosa. Pois tem hora que o correr da vida embrulha tudo mesmo. Não sei de ninguém, inclusive de espírito empreendedor ou de muita fé, cuja vida tenha sido certinha conforme planejada, inteiramente sem “noites traiçoeiras”. A vida nos prega muitas peças. Cada esquina praticamente é precedida de: “Pare, olhe, cuidado, perigo!” Djavan canta: “Só eu sei as esquinas por que passei”. Principalmente em ambientes de violência à solta. As coisas são como são. Não como deveriam ser. Basta ver um telejornal por dia. Até carece botar um balde debaixo do televisor para aparar tanto sangue que jorra do noticiário, cujo foco principal tem sido a violência física, no Brasil e no mundo inteiro, e a violência moral, representada por megaoperações de corrupção nos altos escalões e no meio político brasileiro, e sem que ninguém assuma. Pelo contrário, demonstrando repúdio veemente. Estamos cercados de fantasmas. Pois é o caso, não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem... trazendo desassossego.
Por outro lado, canta Cazuza: “Disparo contra o sol / sou forte sou por acaso / minha metralhadora cheia de mágoas”. Ainda que ele fosse o cara, será que isso adianta? Vale e é bonito, e é bonito, como forma de protesto, principalmente na juventude, e sem apelar para drogas. Na prática, mágoa e ressentimento representam um câncer da alma, atingindo corpo e alma. Não levam a lugar algum, a não ser ao caminho de eventual ou programada retaliação. Esse é um tema recorrente em nossa música popular. Na certa, pessoas há que criam suas próprias tempestades e depois ficam tristes quando chove.