A PRISÃO DE PORTAS ABERTAS

Estou a mergulhar na imensidão de meus sonhos, busco neles, por vezes, o que a realidade não me concede.

Em meus sonhos, consigo ser livre como um pássaro a voar no céu azul. Lá do alto as minhas dúvidas se desfazem como as nuvens impelidas pela a ação do vento a tomar e assumir tantas formas . Assim são as asas de minha imaginação, forma abstratas é aquilo que desejo que sejam. Sem ter compromissos que cerceie sua condição de estar e ser o quiser.

Os sonhos duram pouco, mas neste pequeno espaço, procuram compensar as horas intermináveis que fazem parte deste palco real que preciso enfrentar e representar este personagem que tem compromissos que como algemas inquebráveis só poderão ser rompidas quando o Juiz que me condenou a esta prisão de portas abertas conceder-me o alvará de soltura.

O mais interessante é que esta pena que cumpro, sou meu próprio carcereiro e por mais que queira, não consigo ser indolente e complacente para comigo mesmo. Estou a imputar sérios castigos quando penso em fugir pelas portas abertas desta prisão que eu mesmo criei.

O sol no horizonte se eleva na abóbada celeste todos os dias me dizendo e me fazendo pensar que o tempo não é somente o movimento orbital do sol e da lua. Tudo passa, e o prisioneiro de si mesmo, se não se aperceber de sua condição e de seu cárcere, pode se acomodar diante da penitenciária do destino e tornar sua sentença em pena máxima, e quando estiver no cadafalso ante o carrasco que impassivelmente não hesitará em fazer com que fio da guilhotina faça sua função de ceifar a vida daqueles que não mais desejam viver e a abandonam desacreditando em si mesmo.

Nesta hora fatídica estarão no pátio da execução, tantos espectadores a assistir meu último momento . Quem sabe nesta hora, ainda terei tempo de procurar entre eles alguém que poderá me estender a mão e com certeza o meu desejo de viver fará eu encontrar entre eles, somente um, que poderá me estender a mão... Jesus!

Hospital regional de Planaltina 03 Junho 2004

Gilmar