O dia do gafanhoto
 
 
 
 
                  Infelizmente, não é possível ignorar este momento tenebroso em que vive o nosso mundo. Antigamente, aqui no Brasil, falávamos brincando sobre o dia do índio, que apenas queria dizer um dia bobo, sem graça. Nada parecido com o dia do gafanhoto. O dia do gafanhoto é o título do livro escrito pelo escritor americano Nathanael West, na década de 30, durante a depressão econômica americana.
                  Estava o nosso escritor em Hollywood tentando ganhar dinheiro com seus livros, o que jamais aconteceu, tendo se tornado em vida um perdedor.  West escreveu o dia do gafanhoto para retratar as pessoas mais neuróticas, doidas  e perturbadas que todos conhecemos ao longo do nosso caminho. Gafanhoto passou a ter essa conotação na América do Norte, onde os que vivem à margem da sociedade seriam os gafanhotos.
                  O que está me assustando é a conexão que faço agora com o dia de cão.  Chega o dia em que um desses gafanhotos, querendo  brigar com a dura realidade, rompem com suas ilusões e saem matando todo mundo que veem pela frente. Já é uma barra ter que aturar os gafanhotos que criam seitas, que criam partidos políticos, que querem nos impor suas “maluquices”.  E não aparece ninguém para dizer alguma coisa sensata, para dar, ao menos, uma explicação para este infernal fenômeno de tanta matança neste nosso atual mundo.
                  Fico pensando no humor, ainda como uma possível  salvação.  E é assim que vou terminar esta pequena crônica. Pelo menos enquanto estamos rindo, não estamos matando ninguém. E acabo me lembrando de uma citação de Ruy Castro em dos seus livros de biografias. Um certo escritor americano era considerado pelos seus próprios colegas de o pior escritor da América.  E o tal escritor, em sua própria autocrítica, respondia: - “ Pelo contrário, sou o maior escritor da América. O problema é que não tenho nada a dizer”.
                               
        O escritor português Saramago morreu temendo com o retorno da humanidade ao barbarismo. Caso isso aconteça, penso em me filiar a uma família nativa de indígenas do Norte do Brasil.  Comeria açaí, pupunhas, bananas e abacaxi,  no almoço. Sim,  não quero ser um bárbaro canibal. 
                    E não aparece mais um grande pensador, um filósofo, um educador, para nos dizer alguma coisa?         
                 
                  
Gdantas
Enviado por Gdantas em 06/07/2015
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