P A S S A D Ó P O L I S

Acho que certas pessoas, algumas delas com certa cultura, são, no entanto, ingênuas demais, vivem fora da realidade. É como se vivessem em Passadopólis, um país que estacionou no tempo e no espaço.

Com certeza a maioria dos mais adentrados nos anos sabe que a moçada não conhece nadinha da MPB e nem da cultura geral dos anos 60 e 70. Detalhe: não sabem porque não aprenderam em casa e nem na escola e colégios. E sendo assim só saberiam se tivessem instalado um chip com os dados em sua cabeça.

Mas, repito, alguns ainda se espantam e se impressionam com o desconhecimento dos mais jovens em relação à cultura daquela época.

Recentemente um amigo me contou que estava estarrecido com o que lhe contara um professor de literatura. O professor contou que numa classe com 40 alunos do chamdo segundo grau, perguntou quem conhecia o cantor famoso João Gilberto. Ninguém soube responder, nenhum deles conhecia o cantor. Ele deu uma pista: foi um dos responsáveis pela Bossa Nova. Não surtiu efeito. Avançou dizento que ele interpretara o maior sucvesso da bossa-nova, o samba "Chega de Saudade", que desencadeou o célebre movimento musical da renovação do samba. Não adiantou. Ele então disse que esse cantor era também exímio violonista e invetara uma nova "batida! no violão que incentivou muiitos outros violonistas e compositores. A tuirma continuou voando, claro.

Mas aí uma mocinha resolveu palpitar e indagou do professor se João Gilberto não era uma dupla sertaneja, João e Gilberto, se fosse ela não sabia porque detestava musica sertaneja. O professor desistiu.

Que fique claro que anão se trata de piada. O fato é verídico, e não devia causar nenhum espanto. O professor poderia perguntar por Graciliano Ramos, Cervantes, Dostóievski, Einstein... Vou ser ainda mais didático e contar o que ouvi num café do Recife, estava tomando meu cafezinho e numa mesa junto à minha havia dois sujeitos e um rapaz de uns 17 anos. Os dois estavam conversanndo sobre Chico Buarque de Holanda, um papo de conhecedores da obra do grande compositor. D ereente o rapaz, achoque cheio daquele lero-lero (para ele), disse: "Porra, pai, quem danado é esse Chico Buarque? Nunca ouvi falar nele, faz parte de alguma banda nova ou écantor de forró?".

A culpa, repito, não é da moçada, mas de apis, escola, da cultura da moda. Mudou tudo, não adianta ficar estacionado em Passadópolis. É preciso tentar reverter o quadro mas com jeito. Vivemos outro tempo. Um tempo com muita velocidade e que os mais velhos precisam aprender a convier com ele. E priu.