Que educação desejamos dar a nossas crianças?
Recebi um vídeo e fiquei estupefata. Um professor sentado, um bando de criança amontoada esperava apreensiva a vez de mostrar a tarefa no caderno. Cada uma era forçada e antes mesmo de ter observado com cautela e questionado tais respostas, o ditoso professor tacava paulada nos indefesos educandos.
Duvidei que em algum momento houvesse aprendizagem naquele recinto. Preocupada fiquei quanto ao futuro daqueles pequenos diante de tanta violência. E mais perplexa fiquei ao ouvir risos no vídeo. Como se um grupo de telespectadores achassem graça na vil cena. Conclusão: insensibilidade ao sofrimento alheio também é uma forma de violência e, talvez seja , a mais cruel e perigosa.
Parei para pensar naquele professor. Vi que ele reproduzia o que na sua sociedade era legítimo, moral e aceitável. Talvez ele também tenha sido educado dessa maneira. Era reprodutor de um mal que estava incutido na massa.
Até hoje não consigo esquecer a cena. Algumas pessoas pediam para que o vídeo fosse repassado para que aquele professor fosse punido. Mas, penso com meus botões: isso resolveria? Aprendi que violência gera violência. E o caminho para resolver ou amenizar o estrago seria descobrir ou buscar caminhos para desconstruir essa visão distorcida que essa sociedade tem da figura da autoridade que pode agir como bem lhe convém. É preciso aprender que disciplinar não é sinônimo de violentar o outro nos seus direitos.
Se lá ocorre tal barbaridade, e aqui nas nossas metrópoles, nas favelas, nos vilarejos, nas caatingas, nos recantos esquecidos desse país que tem dimensão continental acontecem todos os dias, tantas formas de violação? Onde estão as vozes que clamarão em favor dos que não podem ou não conseguem se defender?
É hora de usar todas as ferramentas que estão ao nosso alcance para falar em prol de quem já perdeu a esperança.