UMA FÁBRICA DE PRESUNTOS
UMA FÁBRICA DE PRESUNTOS
“Você não é um ser humano que está passando por uma experiência espiritual. Você é um ser espiritual que está vivenciando uma experiência humana”.
(Wayne W. Dyer).
O Corpo carnal, ou corpo material, o único a construir passageira ilusão, pois é mortal e putrescível, uma vez que se originam de elementos exclusivamente terrenos. O corpo físico é apenas envoltório para efeito de trabalho e de escola nos planos da consciência, é passageira vestidura da alma que nunca morre.
Mesmo assim, o homem em sua ingenuidade e ignorância, não se apercebe do inestimável valor que o corpo material representa para si, mergulhando-o nas mais diversas e escabrosas situações, que dilapidam suas energias, tornando-os fracos e sensíveis a doenças oportunistas, resultante dos excessos de toda ordem. Por mais que seja educado, é um desconhecedor profundo de seu soma, irresponsável pelas suas atitudes e ações, pois esquece o lado psicológico e vai se enferrujar nos prazeres mundanos da vida. Que cada um seja responsável direto de seus atos, o livre-arbítrio, colocado a sua disposição, só tem servido para prática do mal, em detrimento do bem. A ação social está carente, precisa urgentemente de voluntários, iremos encontrá-lo? Talvez sim. Talvez não?
A Caridade nos eleva, dignifica, enobrece, vitaliza e nos aproxima de Deus. A vitalidade é a idade vital é a idade da vida, a Lei de ação e Reação da qual ninguém se safa, recomenda que não devamos resistir ao mal, mas compreendê-lo mirificamente, é certo que será através dele que agiremos no bem, pois que é da nossa natureza que alcancemos tudo com vantagem, com bom aproveitamento. Estes parâmetros são pontos de apoio para mostrar a insensatez do homem que transforma uma festa de manifestação popular numa verdadeira fábrica de “presuntos”. Cento e um corpos foram recebidos no IML (Instituto Médico Legal) durante o feriadão do carnaval. O número inclui as vítimas da tragédia com o ônibus da Viação Itapemirim, matando quarenta e duas pessoas. Acidente ocorrido com ônibus em Barro, município do Estado, foi a maior causa para o número elevado de necropsias feitas no IML, durante o carnaval deste ano. Triste, lamentável, catastrófico, enluta diversas famílias cearenses e de outros estados da federação e do exterior. Muitos afirmam que a nossa semeadura nos integra na Lei do Karma, nas nossas expiações a que nos submetemos imutável e inexoravelmente. Criado simples e ignorante, o homem, tem a oportunidade renovante das experimentações, que vão conduzindo, entre muitos erros e acertos, às vitórias morais e fisiológicas, que nos permitem tomar o cajado da paz.
Carnaval é festa cultural de um povo, ela remonta dos idos antes e depois de Cristo; A palavra carnaval vem de Carnevale, em italiano, quer dizer: “O tempo em que se faz uso de carne”. Carne aqui não significa sexo; A expressão se refere ao fato de que os dias de carnaval antecedem a quarta-feira de cinzas, que marca para os cristãos ou mais precisamente os Católicos, o período de jejum e abstinência de carne que é a Quaresma. Os italianos adotaram a palavra Carnevale, sugerindo que, antes da Quaresma se poderia fazer um carnaval, ou seja, um abuso de carne e, por extensão, de tudo que é proibido e extravagante. Esta conotação é mais um dogma que atrasa e leva o homem ao absurdo em substituir um alimento pela bebida que extasia e mata, pois o que se ingere de bebida alcoólica neste país não está no gibi. Alguns indagam: O carnaval nasceu no Brasil?
Direi o profano desabrido sim, mas o carnaval nasceu na Itália, de uma manifestação popular anterior à era cristã conhecida com pelo nome de Satumálias. Elas eram festas em homenagem a Saturno (o deus greco-romano da agricultura e, mais tarde do tempo), porém outras divindades da mitologia greco-romana, como Baco (o rei do vinho) e Momo (rei grego da Sátira e do Riso), dividiam as honras nos festejos, que eram celebrados nos meses de novembro e dezembro. O carnaval chegou ao Brasil, é originário do entrudo português (conjunto de brincadeiras de rua em que as pessoas atiram água, farinha, ovos podres e fuligem uma nas outras) é o famoso mela-mela que tem raízes culturais, o que se condena é a exacerbação destas atitudes. Trazido para o Brasil no século XVII, o entrudo sofreu influências dos carnavais de paises europeus, como Itália e França. Foi quando as máscaras, as fantasias e personagens, como o Pierrô, a colombina e o Rei Momo, entraram para a festa brasileira. No Rio de Janeiro e são Paulo avacalharam tudo, só traz atrativos se o nu estiver presente. É a velha Sodoma e Gomorra. Um clube carnavalesco de nome: Clube da Cruz Vermelha sai às ruas em 1884 em salvador, coisa de gente fina, de branco, todos ricamente fantasiados. Em 1974 surge o Afoxé Filhos de Ghandi, com características mais populares e compostas por afro-brasileiros, trios elétricos e “afoxé” integrados por negros que cantam melodias de Candomblé.
Por que transformar, uma festa popular cultural, numa verdadeira fábrica de presuntos, todos os anos os matutinos circulam recheados de notícias macabras e um saldo negativo, onde são dizimados por diversas variantes muitos seres humanos, pelo excesso de bebidas, consumo de drogas, imprudência, irresponsabilidade, desconhecimento total de onde termina seu direito e começa do outro. Enquanto o Hemoce procura doadores de sangue, exaltados no afã da folia derramam o líquido da vida por simples destinação do prazer, que no frigir dos ovos não leva a nada.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-OFICIAL SUPERIOR
DA POLÍCIA MILITAR-ESTUDANTE DE JORNALISMO.