CINCO MARAVILHAS DO MUNDO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
À semelhança das sete maravilhas do mundo antigo, e ao gosto de cada pessoa, escolhem-se as sete maravilhas do mundo moderno. E nos esquecemos de contemplar, em nós mesmos, as maravilhas de que somos dotados, e sem as quais não poderíamos eleger tantas maravilhas. Por exemplo, os cinco sentidos externos: audição, olfato, paladar, tato e visão. Eis que posso ouvir, cheirar, saborear, tocar, ver.
Mas, como canta Zé Ramalho, as leis dos meus olhos são feitas por mim; até na mesma mão os dedos não são iguais. Diz o ditado: em terra de cegos quem tem um olho é rei, mas também é verdade que, em terra de cegos, quem tem um olho pode ser réu. Não apenas as leis dos meus olhos são feitas por mim, mas também as da audição (a gente ouve o que interessa; político, então!), as leis do olfato (inexistência de rede de esgoto só incomoda a quem não tem), as leis do paladar (gosto não se discute), as leis do tato correm por conta de quem percebe sensações, gostosas ou dolorosas.
Outras maravilhas, os dedos das mãos. Dedinhos infantis cutucam teclados horas e horas. Levantemos uma das mãos acima do teclado do computador, com as quais digitamos, e contemplemos nossos cinco inquietos dedos: o primeiro e mais curto e grosso, o famoso polegar, que também se diz mata-piolho, cata-piolho; indicador, mostrador, aponta caminhos, chama à atenção, demonstra rispidez; o médio, o maior dos dedos e pai de todos; o anular, o do noivado e de vistosos anéis, cada profissional com sua cor, cada madame, cada amante; outro, enfim, auricular, mínimo, dedo meiminho, mindinho, minguinho: o menor de todos.
Um toque dos dedos desencadeia todos os sons e dá início a uma nova harmonia, disse o poeta Rimbaud. Quantos gestos com os dedos! Gestos de amor e gestos obscenos. Dedo polegar para cima, entre nós sinal de ok, ao dedo polegar para baixo, sinal da prepotência de Nero. Aliás, de Neros. Que os há em quantidade ao longo da história!