Coisas que a paciência traz
Me custou tempo e paciência, mas eu aprendi a encerrar algumas de minhas histórias. Aprendi a colocar o ponto final onde deveria; vírgulas onde cabia respiração, e reticências em momentos que suspiros seriam bem vindos.
Optei por descartar a palavra reciclar do trato das minhas emoções, e decidi que encerrar era mais saudável e viável do que apenas fingir que havia passado.
A palavra reciclar me faz pensar em re-ciclo, daí: retorno ao ciclo, ao ciclo anterior. Eu não queria voltar. Eu queria fechar, romper, acabar, findar, encerrar! Ir sem volta. Partir e deixar as partes da história aos cuidados do vento. Seguir. Com pausa para fotografias, sorrisos e descanso. Não olhar pra trás. Não sentir saudade do que não cabia, do que não encaixava. E o mais importante: não girar: subir.
O reciclo já me fez girar, já me fez voltar. E eu voltava às mesmas coisas que eu deixava me afetar. Porque quem deixa que qualquer coisa me aconteça sou eu mesma. Eu sou a única responsável pela minha tristeza e pela minha felicidade. Eu sou a única responsável pelas minhas escolhas e por quem caminha ao meu lado.
Encerrar ciclos é um caminho seguro para alcançar a felicidade, porém, para algumas pessoas, pode ser mais lento que pra outras. É como um processo, e processos exigem paciência, zelo e respeito – principalmente repeito a si mesmo. Eu iniciei meu processo de encerrar ciclos me respeitando. Uma tarefa difícil, mas recompensadora.
Porque não é fácil romper laços, colocar os devidos pontos nas histórias. Se fosse fácil, talvez, não tivesse tanta gente infeliz por aí. Talvez não tivesse tanta pergunta sem resposta, tanto abraço solitário, tanta mão sem outra pra segurar, tanta boca sem outra pra beijar, tanta falta de amor-próprio e, muito menos, tanta ansiedade nos momentos.
Ana Nunes
04/02/2015