O pau de Santo Antônio
Como manda a tradição do santo casamenteiro durante a trezena, no pátio da igreja permanecia erguido o pau de Santo Antônio, onde as mocinhas e até velhinhas, tendo fé, ali colocam bilhetinhos a espera do príncipe encantado. Às vezes o santo se descuida e manda um sapo!
Sobre ser príncipe ou sapo, tinha uma devota que afirmava preferir o que tivesse o bolso verde de notas de cem dólares! E haja colocação de pedidos e passação de mão no pau do santo. Em certos momentos havia até fila, com direito a camelô vendendo água mineral; “Copo grande é R$ 0,50, é água abençoada”, gritava.
Ninita, que assim era chamada porque ninguém tinha coragem de chamá-la de bonita, também pedia ao santo um milagre e tanto que não perdeu uma alvorada, uma missa, um dia sem passar a mão naquele mastro erguido no meio da praça, além de que, para melhor demonstrar a sua fé um dia levou o seu filho de “mãe solteira” vestido de santinho.
Correram os dias, a festa, a carreata, a procissão, e Ninita foi sorteada no “bingo do amor”, e não deu outra, com o surgimento de um misto de príncipe e sapo na sua vida cheio das notas, mas não de notas de dólares, e sim notas promissórias de dívidas a pagar. Porém pela possibilidade de viver um encalhe e aceitar o presentão (baixinho, mas com aquele barrigão), a fervorosa e encalhada jovem disse sim, casando dias após na mesma igreja do santo.
Agora orgulhosa e satisfeita repete sempre: “Estou com ele porque tive a fé de passar mão no pau de Santo Antônio”, e o maridão de Ninita, todo empolgado sempre explica: “É verdade; ela namorou comigo porque passou a mão no pau do santo, mas só casou porque também passou a mão no meu!”.
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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, jornalista do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia, casou sem ter que passar a mão...