Lula e as elites
Lula não é, nunca foi e jamais será elite. Tantos outros como ele, também igual. Aqueles a quem Lula chamou elite e que elite são (mesmo que momentaneamente estejam quebrados financeiramente), sempre foram e jamais deixarão de ser. Isto é, uma vez elite, sempre elite. Uma vez humilde, sempre humilde.
Gente humilde de origem pode ter o dinheiro todo do planeta, mas sempre manterá vivas as suas maneiras, os seus comportamentos, as suas formas de pensar. Gente humilde, quando fica rica, fica apenas rica. E a elite, quer tenha dinheiro ou não, também se mantém fiel ao seu berço. E quem ensina isto aos humildes e aos da elite? Nós ensinamos, especialmente o humilde. A sociedade ensina. Ensina quando diz algo como: Vejam! Fulano é de origem humilde, filho de roceiros, o pai cavava a terra e a mãe era dona de casa e analfabeta. Agora Fulano é rico! Agora Fulano tem isto e aquilo! Portanto, ele, o humilde passa a ser rico, mas nunca será perdoado por ter nascido em berço nada esplêndido. Já o da elite, quer acerte, quer erre, foi, é e sempre será o filho da nobre família tal e qual. Pode beber cachaça à vontade, pois é um bêbado lindo e excêntrico. Esse Beltrano está lascado, sem a riqueza de que dispôs a vida inteira, além do mais, é biriteiro e adora andar nas mais escuras zonas próximas aos mercados, mas tudo é lindo e original. Os pais eram ricos e nobres e, se a gente for cavar (não falta historiador de contos de fadas para esse fazer), vai constatar que os avós de Beltrano nasceram também em berço de ouro. Os tataravós e outros mais, igualmente. E o estudo seguirá até que apareça um historiador de peito, como já aconteceu, que diga que TODA A RIQUEZA SE ORIGINA DA EXPLORAÇÃO DO OUTRO. E o sangue azul? E a nobreza? De onde surgem? Que respondam os cientistas de diversas áreas. Sabemos que sangue azul é só uma metáfora, mas de onde surgiu esse sangue de borboleta, eu não sei. Sangue é vermelho vivo ou vermelho claro. Pergunte aos médicos. Até penso que nem precisa ir muito longe no estudo para saber que o inventor da nobreza foi o humilde mesmo, especialmente o humilde safado, aquele que para estar dentro da cozinha do sangue azul, trata de adulá-lo. Pior que o nobre do suposto sangue da cor do céu é esse tipinho que coloca adubo na roseira da elite. O sangue plebeu é vermelho, vermelho como o inferno, o fogo ardente do inferno para onde iremos, caso não adulemos os de sangue azul.
Tem mais, a dor de cabeça do sangue azul é verificar que, estando, por exemplo, em um hotel duzentas estrelas, um sangue vermelho pode estar por lá! E pior, pagando, pois o dono do hotel quer é o dinheiro. Para ele, o dono do hotel, capitalista que é, loiro de olhos azuis, nobre, sangue azul é quem tem dinheiro. E aquele lascado e anêmico financeiro, que é o sangue azul, não quer de forma alguma uma coisa dessas, ele quer aquele miserável sangue vermelho servindo a sua cachaça cara e dizendo, BOM DIA, DOUTOR!
Pois eu tomo emprestada a palavra de Boechat para mandar ... nada... deixa pra lá... todos entenderam perfeitamente.