Sobre o amor no escuro

Eu o amei no escuro...

Durante dias, e meses, e horas, que jamais tiveram fim, eu o amei no escuro. No escuro da minha própria alma, onde todos os pecados tentam ser escondidos. No escuro da ilusão que criei em acreditar que um dia poderia tê-lo só para mim. Nunca tive. Ao não ser no escuro de nós mesmos, atrás de portas cerradas, trancadas, secretas... segredos.

Daquele tempo em que meus olhos brilhavam empolvorosos, encantados, deliciados de termos um segredo só nosso. Só para nós. Só para nossa diversão!

Daqueles tempos em que amar demais me era possível. Que o sonho subvertia a razão. Que estar apaixonada não parecia tolo nem soava profano. Aquele tempo que me perder em ti era a única forma de me encontrar em mim.

Rio do desengano. Hoje eu sei que nunca me pertenci e nunca te tive. Meus olhos eram teus, minha boca era tua, meu coração estava nas tuas mãos e eu, entre meios de mim mesma, no escuro de uma ilusão, andava perdida. Desorientada tudo me guiava na tua direção. O amor... e só o amor poderia me salvar. Não salvou.

Não permiti porque mais me valia uma vida desprovida de razão e sentido te tendo ao meu alcance do que toda razão e sentido do mundo, sem poder te tocar.

Foram nesses dias que eu andei amando no escuro, embriagada de ti, que me desprovi tola e totalmente de mim. Foram nesses dias que perdi o fio da meada, sem saber que a meada não tinha fio. Sem saber que amor precisa de luz para florecer. Feito flor...

MAMagni
Enviado por MAMagni em 28/06/2015
Reeditado em 28/06/2015
Código do texto: T5292186
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