Hoje eu queria contar uma história. Uma história inédita que me pudesse resgatar por dentro algumas passagens que o tempo levou e se esqueceu de devolver. Uma história de amor, talvez. Ou simplesmente uma história de uma flor que sofria bulling porque não era nobre, porque não sentava à mesa com as rosas e os crisântemos. Nessa história queria que contivesse sonho. E que nesse sonho houvesse romantismo, casamento e que a felicidade fosse “pra sempre”. Histórias sem histerismos, sem heróis nem bandidos – apenas histórias em que o amor seja o amor e que se houver dor seja como conseqüência natural, nunca como deliberação ou jogo de interesses.
Lembro das histórias que a minha vó contava. Quando suas contações estavam ficando repetidas a gente procurava as avós dos outros amigos e ai, sim, a gente a-do-ra-va. Exatamente por conta do sonho e das suas “viagens” ao mundo da leveza e da fantasia. Por isso hoje eu queria contar uma história que fosse real. Mas, que história real hoje se conta sem a violência e a truculência destes tempos ditos modernos? Os amores parecem que não são mais amores. Os sonhos parecem ser disfarçados pesadelos.
Que história de hoje eu poderia contar e que se parecesse com as da minha avó? Lembro que havia umas histórias envolvendo “cumade fulozinha”. Outra que também gostava era a da “Caipora” que se nos atacasse na mata a gente só se desvencilhava dela se lhe déssemos muito fumo, mesmo cigarro. Eu ficava imaginando (quando estava na mata) se ela aparecesse ali o que eu iria fazer para arrumar fumo. Confesso que me apavorava! Mas, das histórias que nossas avós contavam as que eu mais gostava era aquelas clássicas tipo “Chapeuzinho Vermelho”. Do meio pro fim nossas avós inventavam novos roteiros, novos trajetos, novos enredos. E a gente “viajava”. Lembro que não raro eu até sonhava com elas. Depois, já crescido e metido a escritor descobri que as verdadeiras histórias de Chapeuzinho, etc., a rigor nunca foram contadas por nossas avós ao pé da letra. Pois era uma dessas histórias que eu queria contar hoje como se verdadeiras fosse. De repente, eu poderia escrever a história da margarida que sempre era preterida pela rosa. Isso deixou a pobre margarida com complexo de inferioridade e até hoje o povo diz que, diferente da rosa, a pobre margarida não é flor que se cheire.
Carlos Sena – “Margarida – uma flor que não se cheira”
Lembro das histórias que a minha vó contava. Quando suas contações estavam ficando repetidas a gente procurava as avós dos outros amigos e ai, sim, a gente a-do-ra-va. Exatamente por conta do sonho e das suas “viagens” ao mundo da leveza e da fantasia. Por isso hoje eu queria contar uma história que fosse real. Mas, que história real hoje se conta sem a violência e a truculência destes tempos ditos modernos? Os amores parecem que não são mais amores. Os sonhos parecem ser disfarçados pesadelos.
Que história de hoje eu poderia contar e que se parecesse com as da minha avó? Lembro que havia umas histórias envolvendo “cumade fulozinha”. Outra que também gostava era a da “Caipora” que se nos atacasse na mata a gente só se desvencilhava dela se lhe déssemos muito fumo, mesmo cigarro. Eu ficava imaginando (quando estava na mata) se ela aparecesse ali o que eu iria fazer para arrumar fumo. Confesso que me apavorava! Mas, das histórias que nossas avós contavam as que eu mais gostava era aquelas clássicas tipo “Chapeuzinho Vermelho”. Do meio pro fim nossas avós inventavam novos roteiros, novos trajetos, novos enredos. E a gente “viajava”. Lembro que não raro eu até sonhava com elas. Depois, já crescido e metido a escritor descobri que as verdadeiras histórias de Chapeuzinho, etc., a rigor nunca foram contadas por nossas avós ao pé da letra. Pois era uma dessas histórias que eu queria contar hoje como se verdadeiras fosse. De repente, eu poderia escrever a história da margarida que sempre era preterida pela rosa. Isso deixou a pobre margarida com complexo de inferioridade e até hoje o povo diz que, diferente da rosa, a pobre margarida não é flor que se cheire.
Carlos Sena – “Margarida – uma flor que não se cheira”