RECEITA PARA SER FELIZ
Nair Lúcia de Britto
Na verdade, não existe uma receita para ser feliz. Para alguns a felicidade é simplesmente beber uma água de coco gelada, na praia, olhando para o mar...
Para outros, o mundo inteiro ao seu redor não é suficiente para fazer feliz. Esses é que são realmente infelizes.
Para ser feliz o importante é fazer o que se gosta, percorrer os caminhos que o próprio coração escolheu; usufruir cada centelha de alegria que a vida nos dá e deixar as tristezas irem embora... Porque tudo passa nessa vida, e a tristeza também!
Eu conheci D. Leontina, mais conhecida como Ninha, funcionária pública, aposentada, no ponto mais bonito da Praia dos Milionários, em São Vicente, frente ao edifício Grajaú, por onde eu costumava caminhar. Eu a vi por ali, vendendo peças de artesanato que ela tecia e vendia para complementar seu salário.
Numa das minhas caminhadas, fui ao encontro dela para ver de perto seu trabalho. Começamos a conversar...
-- Sou feliz!... Sou feliz!... – em dado momento, ela disse, olhando para aquele maravilhoso mar. – Essa paisagem me enlouquece de felicidade!
Depois, contou-me sua história de vida. Começou a trabalhar aos doze anos de idade, para ajudar o pai a criar seus irmãos ainda pequenos. Amava muito o pai por ser um homem bom e digno. Quando o pai adoeceu, cuidou dele até seu último suspiro e prosseguiu zelando por seus irmãos até sabê-los bem posicionados na vida.
Foi a missão que Deus lhe confiou, concluiu, e procurou cumpri-la com amor.
Nasceu na cidade de São Paulo, onde morou durante vinte anos, no bairro da Pompéia, atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário.
-- Lembro-me até hoje do dia em que conheci São Vicente. Foi em 1941, quando vim visitar alguns parentes. Quando vi essa paisagem fiquei apaixonada!
Um dia ainda venho morar aqui! – prometeu a si mesma.
E, de fato, cumpriu a promessa. Fazia cinco anos que ela ali residia e, desde então, sentiu-se uma pessoa realizada.
Era uma bonita senhora! A alegria transbordava no seu rosto delicado. Gostava de se vestir de branco para combinar com a cor dos seus cabelos cacheados, sobre os ombros, sempre enfeitados com uma flor. O anel e brincos de pedra azul completavam seu visual.
Era esse seu jeito de ser feliz: ter um encontro marcado, diariamente, com o mar!
-- Meu anel e meus brincos – confessou – são de bijuteria, porque, de joia mesmo, eu só tenho esta cidade!
Esta crônica, baseada numa história real, foi publicada no jornal local: “Primeira Cidade”, sob editoria de Antonio Fernando dos Reis.
Nair Lúcia de Britto
Na verdade, não existe uma receita para ser feliz. Para alguns a felicidade é simplesmente beber uma água de coco gelada, na praia, olhando para o mar...
Para outros, o mundo inteiro ao seu redor não é suficiente para fazer feliz. Esses é que são realmente infelizes.
Para ser feliz o importante é fazer o que se gosta, percorrer os caminhos que o próprio coração escolheu; usufruir cada centelha de alegria que a vida nos dá e deixar as tristezas irem embora... Porque tudo passa nessa vida, e a tristeza também!
Eu conheci D. Leontina, mais conhecida como Ninha, funcionária pública, aposentada, no ponto mais bonito da Praia dos Milionários, em São Vicente, frente ao edifício Grajaú, por onde eu costumava caminhar. Eu a vi por ali, vendendo peças de artesanato que ela tecia e vendia para complementar seu salário.
Numa das minhas caminhadas, fui ao encontro dela para ver de perto seu trabalho. Começamos a conversar...
-- Sou feliz!... Sou feliz!... – em dado momento, ela disse, olhando para aquele maravilhoso mar. – Essa paisagem me enlouquece de felicidade!
Depois, contou-me sua história de vida. Começou a trabalhar aos doze anos de idade, para ajudar o pai a criar seus irmãos ainda pequenos. Amava muito o pai por ser um homem bom e digno. Quando o pai adoeceu, cuidou dele até seu último suspiro e prosseguiu zelando por seus irmãos até sabê-los bem posicionados na vida.
Foi a missão que Deus lhe confiou, concluiu, e procurou cumpri-la com amor.
Nasceu na cidade de São Paulo, onde morou durante vinte anos, no bairro da Pompéia, atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário.
-- Lembro-me até hoje do dia em que conheci São Vicente. Foi em 1941, quando vim visitar alguns parentes. Quando vi essa paisagem fiquei apaixonada!
Um dia ainda venho morar aqui! – prometeu a si mesma.
E, de fato, cumpriu a promessa. Fazia cinco anos que ela ali residia e, desde então, sentiu-se uma pessoa realizada.
Era uma bonita senhora! A alegria transbordava no seu rosto delicado. Gostava de se vestir de branco para combinar com a cor dos seus cabelos cacheados, sobre os ombros, sempre enfeitados com uma flor. O anel e brincos de pedra azul completavam seu visual.
Era esse seu jeito de ser feliz: ter um encontro marcado, diariamente, com o mar!
-- Meu anel e meus brincos – confessou – são de bijuteria, porque, de joia mesmo, eu só tenho esta cidade!
Esta crônica, baseada numa história real, foi publicada no jornal local: “Primeira Cidade”, sob editoria de Antonio Fernando dos Reis.