As Cores II
A tarde é calma e infinita, apropriada para este momento. Sem fugas, pode fechar seus olhos, ouvir a música que exala do meu silêncio. Contarei segredos seus, que no fundo são meus, unificados como rochas eternas, épico como em nenhuma outra vida já vivenciamos.
Já me encantei por muitas cores, mas as suas são essenciais para os meus jardins, sublime, regados por seus risos, pela sua manhã de outono. É a cor intensa que meus olhos fixos não conseguem desviar. A cor que necessito, que encontrei no bege do deserto, a minha cor.
Aquarela que traz vida, calor ao meu universo, manchado por suas digitais e nos dias cinza, sua presença respinga dourado nas paisagens tristes, e me traz o sorriso azul do céu de verão. Os dias voam deixando um rastro de cores mistas e melancólicas, revelando a hora de partir.
No meu preto e branco, cansada me rastejei ao laranja do entardecer, nostálgica pela ausência do amarelo dos teus olhos, sua voz em um eco surreal cantou para mim, conduzindo ao iluminado prateado da lua, e lá estava você, com as cores que correm por minhas veias.