FESTAS DE SÃO JOÃO
Das todas as festas anuais, a de São João é a melhor delas. É a festa que fecha o ciclo produtivo que tem início em março com o plantio do milho e a chegada do período chuvoso no Agreste e zona da Mata de Pernambuco.
A tradição que foi trazida pelos portugueses de festejar o santo ficou de tal forma arraigada na população pernambucana que o feriado católico mundial de Corpus Christi, foi trocado pelo santo da fogueira e das comidas de milho.
São João é um daqueles santos menores que caíram no agrado da população e que, mesmo não sendo o padroeiro oficial de muitos locais, é festejado pela maioria da população.
Por todo tempo em que morei em Pernambuco, estive envolvido nos festejos. Dancei quadrilha, aprendi a preparar as bebidas e as iguarias feitas a base de milho, montei fogueiras e enfeitei muitos locais para os festejos.
Nunca soltei balões nem queimei fogos que são duas práticas que deveriam já ter sido abolidas por repressão severíssima do Estado. Acidentados por manuseio de fogos não deveriam ter socorro médico e adeptos da soltura de balões, condenados a 10 anos de trabalhos braçais, forçados, por até 14 horas dia.
Mas voltando à festa.
Existe uma superstição que diz – quando a fogueira não acender o dono da casa não verá a próxima festa –
Isso era motivo de muita brincadeira entre os vizinhos mais próximos da nossa rua, quando o sino da igreja tocava a hora do Ângelus, que é a hora de acender as fogueiras.
Um deles criou um pavio feito com cera e bucha de limpeza para carro que era infalível;
Outros gastavam litros de querosene ou óleo lubrificante vencido e muita roupa velha.
Mas, aconteceu que um dos nossos vizinhos, sertanejo cearense, talvez o mais querido por todos, não conseguiu acender a fogueira.
Depois de muito trabalho dos envolvidos no festejo, conseguiu-se acender a fogueira armada em frente ao portão da casa dele, mas ela queimou mal e porcamente deixando muitos troncos somente chamuscados.
Coincidência ou não, ele sofreu um infarto fulminante e morreu antes que a festa se repetisse...
Esta crônica é dedicada a todos meus amigos, ex vizinhos da Rua Mardônio de Albuquerque Nascimento e, em especial, ao Dr. José Verlene Gondim.