A VIDA É INCERTA...
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Uma amiga professora, estressada com o acúmulo de responsabilidades parte dos deveres da escola, parte da família, proporcionou a trinta e cinco alunos, da sala em que estava, o mais fenomenal chilique que se tem memória na escola. Gritou, bateu os pés, esmurrou sua mesa e depois chorou escandalosamente e copiosamente. A cena foi Idêntica àquela que uma criançinha faz quando lhe é negado alguma coisa que quer. Naquele dia, fui eu quem a levou até sua casa. No caminho, recomendei-lhe que consultasse nosso terapeuta.
Nas duas semanas que se seguiram, ela não apareceu na escola, pois entrou de licença médica. Na terceira semana, no raiar de uma segunda-feira, reaparece, mais jovial e sorridente que nunca. Sua licença terminaria naquela segunda, então tivemos tempo para uma conversa. Contou-me que procurou o terapeuta. Na primeira consulta após expor os últimos acontecimentos que a levaram a procurá-lo, este lhe pediu para descrever tudo o que tinha de fazer desde a hora em que acordava até sair para trabalhar. Disse-lhe que uma das primeiras tarefas era arrumar, apressadamente, todas as camas. O médico, então, sugeriu não fazê-las durante as duas semanas de licença. Minha amiga, perfeccionista, ficou horrorizada. Entretanto, acatou a ideia. Durante as duas semanas ela deixou, pela primeira vez em tantos anos, as camas desfeitas e nada acontecera. "Sabe, confessou-me rindo, também não enxuguei as louças".
Minha amiga fez duas grandes descobertas: uma foi a de que tinha na vida, opções que desconhecia. A outra, de que não precisava ser perfeita.
Ninguém pode fazer tudo ao mesmo tempo, é praticamente impossível. Achamos que conciliarmos tarefas aumenta nossa produtividade. Puro engano; temos de fazer escolhas, e priorizar o que é importante.
Argumenta o Dr. David B. Posen, que o problema é que muitos põem a si e a saúde em último lugar. Cuidam da casa, do carro, do computador, etc., melhor do que de si mesmos. Isso é bom se for ocasional e houver equilíbrio. Porém se não houver, acabará como minha amiga: desgastando-se e perdendo o controle de si mesma. O pior é que ela achava estar deprimida e necessitava tomar remédios, quando, na verdade, seu caso era algo passageiro; foi resolvido sem nenhum remédio, apenas com uma simples medida: priorizar o tempo e o trabalho para as atividades que realmente importavam.
Não se engane: a Internet e o telefone celular não economizam tempo, apenas aceleram o nosso já movimentado ritmo de vida. Ficamos maravilhados com a velocidade da Internet e adotamos seu ritmo instantaneamente; sentimos-nos obrigados a obter respostas imediatas, ou seja, abrir e responder e-mails e mensagens eletrônicas por impulso. Devemos preencher nossas horas de folga com tarefas agradáveis e não com obrigações. Minha amiga encerrou a conversa me dizendo: "Coloquei meu nome na lista das pessoas que estou tentando fazer felizes".
Há uma frase, título de um livro do qual não me recordo o autor, que resume em poucas palavras todo o assunto tratado nesse texto: A vida é incerta... coma a sobremesa primeiro! ®Sérgio.
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Algumas das ponderações do texto são dos psiquiatras americanos Edward M. Hallowel e David B. Posen, especialistas no diagnóstico e tratamento do transtorno do déficit da atenção e distúrbio bipolar.
Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!