Cine Arte Bangu

Cinema para quem gosta de arte! A primeira vista essa frase pode parecer pedante, pretensiosa ou até mesmo elitista. Cinema de Arte, onde já se viu isso? Mas longe disso, ela quer apenas afirmar que os cinéfilos, amantes, apreciadores ou aqueles que simplesmente gostam de assistir a filmes nas telonas têm agora um novo espaço para saciar suas vontades sem precisar sair do bairro onde moram.

Quinta-feira, 14 de junho de 2007, Bangu recebeu um excelente presente – voltou a ter uma sala de cinema com 95 lugares, o que ainda é pouco para um bairro com mais de 400 mil habitantes e que há algum tempo tinha quatro salas que aos poucos foram sendo abandonadas. Talvez muitos só lembrem agora do antigo Cine Matilde, mas acreditem o bairro já teve mais salas.

A inauguração foi uma festa marcante, digna de uma idéia maravilhosa. O trecho da rua da Feira em frente ao cinema foi fechado para que a população pudesse dividir com os responsáveis pela sala e amantes do cinema a felicidade de voltar a ter uma sala para apreciar a sétima arte. Antes de começar o filme, uma solenidade ocorreu dentro da sala com a presença do prefeito César Maia, do secretário de Cultura Ricardo Macieiras, dos proprietários do cinema Adil Tiscatti, Fernanda Oliveira e o vereador Renato Moura, além de outros convidados enquanto lá fora as pessoas esperavam ansiosas para assistir ao filme escolhido para a festa. O filme escolhido para a inauguração não poderia ser outro senão “Ó pai ó”, uma produção nacional de excelente qualidade que agrada todos os gostos e idades.

Enquanto todos assistiam ao filme eu ficava dividindo minha atenção entre a tela e as pessoas à minha volta que provaram que há muito sentiam falta de um espaço de lazer como o cinema, pois se comportaram de forma elogiável, como pessoas educadas que são e deram provas disso ontem. Não ocorreu, como costuma acontecer em qualquer canto da cidade em eventos onde há a presença de muitas pessoas em espaços públicos, confusões, distúrbios ou qualquer tipo de incidente. E ao final do filme, de forma espontânea, surgiram aplausos, pois todos haviam acabado de assistir a um evento de arte. Então nada mais justo do que os aplausos para a obra e para os artistas que possibilitaram os momentos incríveis que todos vivenciaram.

O Arte Bangu apesar do slogan, não apresentará apenas obras tidas por uns como perfeitas obras de arte e por outros por filmes sem-graça e chatos. Até porque como o gosto é uma coisa muito pessoal, cada um tem o direito de gostar do estilo de filme que mais lhe aprouver – e que ninguém ouse mudar ou questionar o seu gosto. Serão apresentados também os filmes que entrarem no circuito comercial como qualquer cinema, mas também terá espaço para as obras que não estiverem nas salas dos grandes grupos.

E como o grupo paulista de rock registrou na década de 1980 “... A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...”, pegarei essas palavras emprestadas e acrescento ainda: Nós queremos e agora temos diversão e arte de qualidade, pois agora fomos presenteados com o Cine Arte Bangu. Parabéns aos idealizadores do projeto, Adil Tiscatti, Fernanda Oliveira e Renato Moura e parabéns principalmente à comunidade banguense que agora volta a ter o seu espaço no cenário cultural cinematográfico da Cidade Maravilhosa.

Agora é só chamar os amigos, familiares ou amores, esperar a nossa vez na fila, comprar o ingresso, a pipoca e curtir o prazer de assistir a um filme numa sala de cinema pertinho da nossa casa.

Tonni Nascimento