A PRAGA DO SÉCULO
Visitei a Venezuela em 1996, para participar de um seminário sobre politicas alfandegárias. Era um seminário que buscava criar alguns elementos de integração entre os países da América Latina, no sentido de eliminar algumas barreiras burocráticas existentes nas alfândegas dos diversos países latino-americanos, que acabavam por criar empecilhos ao comércio exterior da região. Lembro-me da agradável impressão que tive do país e do seu povo alegre e otimista, sempre com um sorriso amável no rosto e uma clara disposição de mostrar-se simpático aos estrangeiros que os visitavam.
Em 1996 o chavismo ainda não havia tomado o poder no vizinho país. A Venezuela, detentora de uma enorme reserva petrolífera, que muitos dizem ser maior do que a da Arábia Saudita, era um país viável e esperançoso em seu futuro. Pelo menos é o que eu senti ao conversar com meus colegas da alfândega venezuelana e no contato com o seu simpatico povo.
Não fui mais á Venezuela depois disso. Durante algum tempo ainda mantive contato com alguns colegas de lá, mas como aposentei em 2000, perdi esse canal de comunicação. Não sei o que mudou desde então, mas agora vejo a Venezuela constantemente nos jornais, com notícias não muito alvissareiras, que falam de fome, falta de produtos nos supermercados, inflação galopante, censura á imprensa, prisões arbitrárias de dissidentes políticos e outras coisas mais, que a gente, aqui no Brasil já viu nos tempos da ditadura militar e não quer ver nunca mais.
Não sei dizer se tudo isso é consequência do chavismo, mas não posso deixar de pensar que tem muito a ver. Lembro-me do Hugo Chaves, com suas aparições bombásticas na mídia, vociferando contra os “imperialistas”, ameaçando e culpando os Estados Unidos por tudo de ruim que acontecia na Venezuela e na América Latina. E quando eu o via logo me lembrava do Mussolini antes da guerra, com seu uniforme dos "camisas pardas" e suas histriônicas aparições e bombásticos discursos, sempre ameaçando alguém.
Hugo Chavez ficou 14 anos no poder, acumulando declarações polêmicas e acusações, feitas por seus adversários, de violar os princípios democráticos e implantar no seu país uma ditadura fascista. E também foi acusado de usar o dinheiro do petróleo venezuelano para cooptar a população carente com “programas sociais e “comprar” aliados no campo político com propinas oriundas desses recursos.
Algumas das suas iniciativas, sem dúvida, parecem ter feito bem ao povo venezuelano. Reduziu o nível de pobreza e de analfabetismo. A Venezuela é considerada hoje o país com menor taxa de desigualdade na região. De acordo com a ONU, o índice de desigualdade é 41,0 ( segundo o índice Gini). Para efeito de comparação, o índice de Gini para o Brasil é de 51,9. Outro dado, fornecido pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) informa que a porcentagem de pobreza na Venezuela passou de 49% em 1999 para 29% em dados de 2010. A mesma pesquisa aponta que houve avanço na educação, cujo percentual , abaixo dos 5%, coloca o país como uma zona livre do analfabetismo, segundo os padrões da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Mas parece que tudo isso não é suficiente para fazer os venezuelanos felizes.. A criminalidade, que lá tinha níveis bastante toleráveis, aumentou numa escala tão grande, que hoje é uma das principais preocupações dos venezuelanos. De 2011 a 2012, a taxa de homicídios passou de 67 para 73 para cada grupo de 100 mil habitantes, de acordo com o Observatorio Venezolano de Violencia e o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Os números de homicídios na Venezuela são superiores aos de países como a Colômbia (32 por 100 mil) e o México (14 por 100 mil), que vivem um estado de guerra civil com o narcotráfico.
Outro dos maiores fracassos do chavismo foi a sua política econômica. A má utilização dos recursos obtidos com o petróleo, a dissipação irresponsável dos recursos públicos, o financiamento e o desenvolvimento de programas sociais com finalidades meramente eleitoreiras, levou o país á bancarrota e gerou aumento de inflação (20%, a maior na América Latina), ao mesmo tempo em que a política de estatização afastou os investidores estrangeiros e provocou uma debandada de capitais, que fez a Venezuela perder uma boa parte da sua indústria, gerando desemprego e empobrecimento geral da população. Em outros termos, o sucesso das políticas sociais foi mitigado pela crise financeira e econômica que está levando o povo venezuelano ao desespero.
Na política, Chávez praticamente aboliu o regime democrático. Á custa de uma série de manobras, eleições suspeitas e mudanças na Constituição do país ele se reelegeu por três mandatos sucessivos, e como ele mesmo decidiu, iria permanecer no cargo até 2031. Só não contava com o câncer, adversário que ele não conseguiu vencer, nem com a ajuda dos médicos cubanos que os Irmãos Castro puseram á sua disposição.
Chávez foi eleito a primeira vez em 1999 e deu início ao que chamou de “revolução bolivariana”, um programa político, social e econômico com claras tendências esquerdistas, inspirado em ideias defendidas pelo líder revolucionário Simón Bolívar (1783-1830) .que sonhava com uma América espanhola unida e independente, hostil ao chamado liberalismo econômico inglês, que em sua época dominava a cena mundial.. Foi com essa inspiração que Chavez se alinhou com os governos socialistas e praticou uma política francamente hostil aos Estados Unidos, cujo presidente (na época George W. Bush 2001-2009), ele chamava de “demônio,”
Com a morte de Chavez, foram realizadas novas eleições que ocorreram em 14 de abril de 2013. A máquina pública, controlada pelos chavistas conseguiu eleger o sindicalista Nicolás Maduro por um mínima margem de votos ( 50,78% dos votos, contra 48,95% de seu adversário, o oposicionista Henrique Capriles) numa eleição disputadíssima, a qual não faltaram as suspeitas de compra de votos, corrupção e manipulação de urnas a favor do candidato chavista. E em meio a uma grave crise política, social, econômica e institucional, a Venezuela, considerado um dos mais promissores países da América Latina patina, sem saber qual será o seu destino próximo.
Aos que vierem a ler este resumo, quero deixar claro que não é do Brasil que estou falando, mas da Venezuela mesmo. Nesse sentido, qualquer semelhança não terá sido mera coincidência. A política que foi aplicada lá em nada difere da que foi aplicada aqui. Os resultados também são praticamente os mesmos. Destruição da base econômica do país em nome de um avanço social que acaba sendo mitigado pela crise recessiva que essa própria politica provoca. Não sei o que é pior: nunca ter entrado no paraíso ou ter entrado e de lá ter sido expulso.
Não é por acaso, aliás, que o líder mais admirado pelo Lula na América Latina era exatamente, o camarada “bolivariano”, que tinha feito na Venezuela o que ele não havia conseguido no Brasil, ou seja, uma mexida na Constituição para que ele pudesse se perpetuar no poder como o seu colega venezuelano fez e o seu sucessor continua fazendo. Não conseguindo driblar o preceito constitucional, Lula e seus aliados perpetraram os esquemas do Mensalão e do Petrolão para “comprar”, por meios legais, a manutenção do partido no poder. Até agora tem conseguido, pois além dos 8 anos que ele ficou no poder conseguiu mais 8 para a Dilma, a nossa “Nicolas Maduro” de saias.
E ele espera voltar em 2018. Na Venezuela o “Messias” Chavez foi vencido por um câncer. O “Messias” Lula teve mais sorte, pois já conseguiu vencer o seu. Dilma, como Maduro, nem de longe tem a força e o carisma de Chávez e Lula. Provavelmente o chavismo morrerá, de sua própria doença, quando o rascunho de Mussolini que é o Maduro, deixar o poder. E por aqui a incompetência da Dilma está enterrando aos poucos a versão brasileira do "bolivarianismo", ou seja, o Lulopetismo. Disso tudo, o que rnosresta é torcer para que a Venezuela, como o Brasil, consigam se livrar dessa praga que infestou a América Latina neste começo do século XXI: o messianismo irresponsável de caudilhos ambiciosos.
Visitei a Venezuela em 1996, para participar de um seminário sobre politicas alfandegárias. Era um seminário que buscava criar alguns elementos de integração entre os países da América Latina, no sentido de eliminar algumas barreiras burocráticas existentes nas alfândegas dos diversos países latino-americanos, que acabavam por criar empecilhos ao comércio exterior da região. Lembro-me da agradável impressão que tive do país e do seu povo alegre e otimista, sempre com um sorriso amável no rosto e uma clara disposição de mostrar-se simpático aos estrangeiros que os visitavam.
Em 1996 o chavismo ainda não havia tomado o poder no vizinho país. A Venezuela, detentora de uma enorme reserva petrolífera, que muitos dizem ser maior do que a da Arábia Saudita, era um país viável e esperançoso em seu futuro. Pelo menos é o que eu senti ao conversar com meus colegas da alfândega venezuelana e no contato com o seu simpatico povo.
Não fui mais á Venezuela depois disso. Durante algum tempo ainda mantive contato com alguns colegas de lá, mas como aposentei em 2000, perdi esse canal de comunicação. Não sei o que mudou desde então, mas agora vejo a Venezuela constantemente nos jornais, com notícias não muito alvissareiras, que falam de fome, falta de produtos nos supermercados, inflação galopante, censura á imprensa, prisões arbitrárias de dissidentes políticos e outras coisas mais, que a gente, aqui no Brasil já viu nos tempos da ditadura militar e não quer ver nunca mais.
Não sei dizer se tudo isso é consequência do chavismo, mas não posso deixar de pensar que tem muito a ver. Lembro-me do Hugo Chaves, com suas aparições bombásticas na mídia, vociferando contra os “imperialistas”, ameaçando e culpando os Estados Unidos por tudo de ruim que acontecia na Venezuela e na América Latina. E quando eu o via logo me lembrava do Mussolini antes da guerra, com seu uniforme dos "camisas pardas" e suas histriônicas aparições e bombásticos discursos, sempre ameaçando alguém.
Hugo Chavez ficou 14 anos no poder, acumulando declarações polêmicas e acusações, feitas por seus adversários, de violar os princípios democráticos e implantar no seu país uma ditadura fascista. E também foi acusado de usar o dinheiro do petróleo venezuelano para cooptar a população carente com “programas sociais e “comprar” aliados no campo político com propinas oriundas desses recursos.
Algumas das suas iniciativas, sem dúvida, parecem ter feito bem ao povo venezuelano. Reduziu o nível de pobreza e de analfabetismo. A Venezuela é considerada hoje o país com menor taxa de desigualdade na região. De acordo com a ONU, o índice de desigualdade é 41,0 ( segundo o índice Gini). Para efeito de comparação, o índice de Gini para o Brasil é de 51,9. Outro dado, fornecido pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) informa que a porcentagem de pobreza na Venezuela passou de 49% em 1999 para 29% em dados de 2010. A mesma pesquisa aponta que houve avanço na educação, cujo percentual , abaixo dos 5%, coloca o país como uma zona livre do analfabetismo, segundo os padrões da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Mas parece que tudo isso não é suficiente para fazer os venezuelanos felizes.. A criminalidade, que lá tinha níveis bastante toleráveis, aumentou numa escala tão grande, que hoje é uma das principais preocupações dos venezuelanos. De 2011 a 2012, a taxa de homicídios passou de 67 para 73 para cada grupo de 100 mil habitantes, de acordo com o Observatorio Venezolano de Violencia e o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Os números de homicídios na Venezuela são superiores aos de países como a Colômbia (32 por 100 mil) e o México (14 por 100 mil), que vivem um estado de guerra civil com o narcotráfico.
Outro dos maiores fracassos do chavismo foi a sua política econômica. A má utilização dos recursos obtidos com o petróleo, a dissipação irresponsável dos recursos públicos, o financiamento e o desenvolvimento de programas sociais com finalidades meramente eleitoreiras, levou o país á bancarrota e gerou aumento de inflação (20%, a maior na América Latina), ao mesmo tempo em que a política de estatização afastou os investidores estrangeiros e provocou uma debandada de capitais, que fez a Venezuela perder uma boa parte da sua indústria, gerando desemprego e empobrecimento geral da população. Em outros termos, o sucesso das políticas sociais foi mitigado pela crise financeira e econômica que está levando o povo venezuelano ao desespero.
Na política, Chávez praticamente aboliu o regime democrático. Á custa de uma série de manobras, eleições suspeitas e mudanças na Constituição do país ele se reelegeu por três mandatos sucessivos, e como ele mesmo decidiu, iria permanecer no cargo até 2031. Só não contava com o câncer, adversário que ele não conseguiu vencer, nem com a ajuda dos médicos cubanos que os Irmãos Castro puseram á sua disposição.
Chávez foi eleito a primeira vez em 1999 e deu início ao que chamou de “revolução bolivariana”, um programa político, social e econômico com claras tendências esquerdistas, inspirado em ideias defendidas pelo líder revolucionário Simón Bolívar (1783-1830) .que sonhava com uma América espanhola unida e independente, hostil ao chamado liberalismo econômico inglês, que em sua época dominava a cena mundial.. Foi com essa inspiração que Chavez se alinhou com os governos socialistas e praticou uma política francamente hostil aos Estados Unidos, cujo presidente (na época George W. Bush 2001-2009), ele chamava de “demônio,”
Com a morte de Chavez, foram realizadas novas eleições que ocorreram em 14 de abril de 2013. A máquina pública, controlada pelos chavistas conseguiu eleger o sindicalista Nicolás Maduro por um mínima margem de votos ( 50,78% dos votos, contra 48,95% de seu adversário, o oposicionista Henrique Capriles) numa eleição disputadíssima, a qual não faltaram as suspeitas de compra de votos, corrupção e manipulação de urnas a favor do candidato chavista. E em meio a uma grave crise política, social, econômica e institucional, a Venezuela, considerado um dos mais promissores países da América Latina patina, sem saber qual será o seu destino próximo.
Aos que vierem a ler este resumo, quero deixar claro que não é do Brasil que estou falando, mas da Venezuela mesmo. Nesse sentido, qualquer semelhança não terá sido mera coincidência. A política que foi aplicada lá em nada difere da que foi aplicada aqui. Os resultados também são praticamente os mesmos. Destruição da base econômica do país em nome de um avanço social que acaba sendo mitigado pela crise recessiva que essa própria politica provoca. Não sei o que é pior: nunca ter entrado no paraíso ou ter entrado e de lá ter sido expulso.
Não é por acaso, aliás, que o líder mais admirado pelo Lula na América Latina era exatamente, o camarada “bolivariano”, que tinha feito na Venezuela o que ele não havia conseguido no Brasil, ou seja, uma mexida na Constituição para que ele pudesse se perpetuar no poder como o seu colega venezuelano fez e o seu sucessor continua fazendo. Não conseguindo driblar o preceito constitucional, Lula e seus aliados perpetraram os esquemas do Mensalão e do Petrolão para “comprar”, por meios legais, a manutenção do partido no poder. Até agora tem conseguido, pois além dos 8 anos que ele ficou no poder conseguiu mais 8 para a Dilma, a nossa “Nicolas Maduro” de saias.
E ele espera voltar em 2018. Na Venezuela o “Messias” Chavez foi vencido por um câncer. O “Messias” Lula teve mais sorte, pois já conseguiu vencer o seu. Dilma, como Maduro, nem de longe tem a força e o carisma de Chávez e Lula. Provavelmente o chavismo morrerá, de sua própria doença, quando o rascunho de Mussolini que é o Maduro, deixar o poder. E por aqui a incompetência da Dilma está enterrando aos poucos a versão brasileira do "bolivarianismo", ou seja, o Lulopetismo. Disso tudo, o que rnosresta é torcer para que a Venezuela, como o Brasil, consigam se livrar dessa praga que infestou a América Latina neste começo do século XXI: o messianismo irresponsável de caudilhos ambiciosos.