Bate, é desse modelo
A escola é uma instituição instrumentalizada para reproduzir as determinações de interesses de uma sociedade heteronormativa. Nasceu nas cozinhas das casas grandes para designar ocupação às mulheres brancas desocupadas, reproduzindo os modelos das aulas de catequese.
Desde sempre teve o caráter monológico de duplo lado, o professor detector de conhecimento e do outro lado o a-luno - ser sem luz, o que está nas trevas. Sempre reproduzindo os conceitos patriarcais da sociedade vigente: deste lado, as meninas; daquele outro, os meninos! Fila das meninas e fila dos meninos, aula para meninas e aula para meninos. Desde cedo, as imposições! Na escola, trabalhos e esportes delicados são das meninas e trabalhos de força e esportes competitivos para os meninos. Na escola a leitura das princesas delicadas, indefesas, sempre salvas pelos homens valentes, fortes, determinados,sempre dispostos a enfrentar os perigos em nome das donzelas indefesas. Nas escolas se confeccionam flores para as mulheres e nunca para os homens, por que as mães merecem e os pais não?! Não tenho direito de pensar e decidir, apenas aceitar e dizer sim! Dizer sim às determinações: Não quero jogar bola, mas ela quer! Eu sou obrigado a ir, ela obrigada a negar seu desejo! Quero ficar em sala e pentear os cabelos das meninas e ajudar na maquiagem, ela não quer se pintar nem ter cabelos grandes e usar laços, mas não se pode ter escolha.
Mesmo não sendo da vontade, devo aprender a rezar a oração do anjo, a acreditar em céu e sentir dentro de si o medo de ir para o inferno. "Mas eu ficaria linda se tivesse o cabelo dela" e todo peso da punição porque,na fala da escola, usei o pronome errado e tive vontade de ser igual a ela! Desde cedo tenho que aceitar o que todos impõem a mim.
Os tempos mudam, a sociedade muda, homens e mulheres se modificam para estarem aptos e aptas aos novos tempos. A escola de hoje já não é mais a escola de ontem não é mais o espaço criado para ocupar desocupado, mas a instituição construtora se atores protagonistas capazes de atuarem de forma democrática na sociedade e no Estado de direito.
Neste espaço não cabe mais a prática da intolerância e dos monólogos, mas sim dos diálogos, dos discursos polifônicos, do acolhimento, da inclusão e da inserção das minorias.
A educação pautada na orientação de gênero tem como finalidade estreitar as distâncias existentes as intolerâncias geradas na sociedade.
A luta por esta escola libertadora, de empoderamento do sujeito, de livre construção de corpo e identidade depende de cada um de nós, da predisposição que temos de lutar pelo direito de igualdade de todos e todas.
Marcus Venicius - DêBandeira, provocador bandeiroso.