OS "FANTASMAS" DO PASSADO...
Ao passarmos defronte a uma construção antiga que está abandonada, é quase certo que a grande maioria fará questionamentos: Por quê? Quais os reais motivos dos imóveis serem abandonados, pelos possíveis herdeiros? Cada um deles tem sua história, seus sentimentos, daqueles que foram construí-los, visando uma sede de comércio, indústria, ou até mesmo uma residência.
Nossas Reminiscências de hoje, são restritas a dois locais, o primeiro é bem próximo de onde moramos, - final da Avenida Prefeito Erasto Gaertner.- quando passamos de carros, ônibus, ou numa simples caminhada, está bem visível a data de sua construção: 1952, ou seja a 58 anos atrás...
Na pacata Curitiba, desta data, fora uma indústria de comércio de carne e de seus derivados. Havia uma grande procura dos moradores de vários bairros, em função de haver pouquíssimos locais ofertando estes produtos.
Durante a semana o atendimento já começava antes que o sol surgisse, aos sábados, porém, era bem mais cedo, - antes das cinco horas da manhã. - havia um grande aglomerado de pessoas, disputando sua vez, sem senha e sem uma fila organizada, e do outro lado do balcão, vários atendentes, tentando serem ágeis, para que os maiores números de clientes fossem mais rapidamente atendidos...
Seria hoje, - aos mais jovens. - uma situação inusitada aos que hoje tem os chopping e os grandes hipermercados, jamais podem imaginar, o sacrifício de muitos para adquirir um produto...
Estas lembranças nos vêem a mente, em função que nesta época, tínhamos uma parenta que lá trabalhava como caixa deste estabelecimento; nos a acompanhávamos até este seu local de trabalho, pois sua atividade se iniciava bem cedo, como mencionamos acima; na ida íamos a pé, naquele horário não havia qualquer tipo de condução; quando voltava para casa retornávamos de “lotação”, veículo de pequeno porte, adaptado ao transporte urbano; somente havia uma porta de entrada e saída, o motorista cobrava e fechava a porta mecanicamente com uma das mãos.
Tínhamos nove anos, apesar de levantarmos bem cedo, isto era feito com naturalidade, sem contrariedade, como deixá-la que fosse sozinha até o local do emprego? Talvez uma criança, pouco poderia fazer diante de qualquer imprevisto, felizmente nunca houve nada colocasse em risco a vida de ambos...
Mais recentemente em função de nosso trabalho, passamos a visitar um médico, na parte mais antiga da cidade, - Alto do São Francisco. - onde ruas são em aclive, quando se vai a pé exige esforço de “atleta”, com o tempo fomos sabendo detalhes, da história do pequeno palacete, fora construído em 1948, após a alegria da inauguração, o seu avô, esta senhora é esposa do médico. - moraram ali somente oito meses vindo a falecer. Anos depois seu filho, fez uma ampla reforma do imóvel, e não passado muito também veio a falecer...
A neta do construtor do imóvel, com seu marido, moraram no local alguns anos, por ser uma construção de amplo espaço, e ter localização na parte central da cidade, no próprio local fez seu consultório de atendimento aos seus pacientes.
Mais recentemente os herdeiros, de comum acordo, resolveram colocar o imóvel a venda, que poderia facilmente ser adaptado a uma casa bancário, ou uma sede de uma empresa de grande porte. E isto seria bem mais fácil com o imóvel desocupado, isto porem, não aconteceu, na seqüência os vândalos invadiram o imóvel, houve até senas de violência que ceifou a vida de uma pessoa, e um principio de incêndio, os bombeiros prontamente atenderam a ocorrência e felizmente afetou bem pouco o imóvel...
Quando vemos um imóvel antigo e desocupado, certamente isto aguça a nossa imaginação, ali houve sonhos, e seus idealizadores não contavam com transitoriedade dos bens materiais; Jesus, afirmou que onde estivesse vosso tesouro, aí estaria vosso coração; querendo nos ensinar que os bens materiais são efêmeros, passam rapidamente, o “ter”, significa que somos meros usufrutuários desses bens; e o importante é “ser”, são os bens de real valor, este sim, nos adquirimos eternamente, os conhecimentos; o bem que possamos ofertar a aqueles que cruzam os nossos caminhos, mas, que nossa ajuda alivia seus “fardos”; e nesta troca mútua, desenvolvemos o amor, que mais alem pode reverter em nosso próprio benefício, pois quem está imune as “asperezas” do caminho?
Curitiba, l2 de fevereiro de 2010 – Reminiscências - Saul
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