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Foto: Ysolda 


MEU TERÇO E O MEU VIOLÃO
Ysolda Cabral



Normalmente o dia de domingo me deixa triste, mas quando ele começa a morrer, mais triste me sinto. Isso não parece contraditório, totalmente descabido? E quando ele morre, como agora, num silêncio suspeitoso?… Chega a me dar arrepios. - Valei-me minha Nossa Senhora de Aparecida!

O Mar, todo sábio e convencido de sua força, não se abala, porém sei que me compreende e não debocha. E é em horas assim que o vejo mais amigo a murmurar ondas de acalantos tranquilizadores para mim.

De qualquer forma, pego um tercinho, presente de minha irmã Inára e começo a rezar em afinada ladainha, mas me perco devido o feitio igual de suas contas. - Fico exasperada!

A aproximação da noite me apavora. Recorro ao meu violão, o encontro de corda partida num canto da sala. - Que decepção! Deixei-lhe o terço de companhia...

Entretanto, amanhã é segunda-feira e vou ter tempo de comprar um acordoamento novo, para que ele possa vir a ser minha ''sanfona'' de São João, além do meu par, na quadrilha da minha infinita solidão…

Quanto ao tercinho, é só fazer a ladainha com auxílio visual que  as súplicas chegam aos Céus....
 
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