B I R R A

Estavam numa fase belicosa. Discutiam por qualquer besteira. Nem sabia direito como começara o desentendimento, mas a coisa foi evoluindo e só não chegavam ao tal desforço físico porque ambos eram militantes ativos do politicamente correto. Quando encontrava uma toalha molhada no chão ou uma cueca usada jogada em cima da cama, ela armava um tendel. Ele fazia um estardalhaço quando não encontrava o controle remoto da tevê. Ele ia ao sanitário, fazia e não dava descarga, de propósito, e ela se vingava colocando o som a toda altura com música sertaneja que ele odiava. Ficavam engendrando vingançazinhas. E aí entrava no circuito o telefone. Ele falando com um amigo sobre as coxas e os peitos de uma fulana, uma dona que ela detestava, e ela se vingava falando com uma amiga dizendo que um certo vizinho, que ele odiava, era lindo e tesudo. Ela quando o via virava o rosto, ele baixava a cabeça.

Então ele passou a sair toda noite e voltar chumbado, e ela fez o mesmo saía comamigas, ia barzinhos. Elas poe elas. Um dia explodiram com palavrões, ele esculhambava de um lado e ela do outro, ele dizia gritando que ela estava dando bola para um cabra safado, ela repliva que ele estava saindo com uma puta escrota. Aumentarm o tom, ela chamou-a de puta, ela chamou-o de brocha. Fozeram tanta zoada que o síndico, um cara muito conservador e puritano, foi até o apartamento deles, entrou e chamou-os às falas. Mas cometeu um excesso puritano, disse que eles estavam se acusando de prevaricação. Retetiu: prevaricação. Ele surpreso olhou para elea, ela para ele, não seguraram o riso, essa palavra quando dita era gozada por eles. Foi remédio santo, cairam na gargalhada, o síndico ficou vermelho que só um pimentão. Depois ela tomou um banho, ele também, ele vestiu a cueca que ela gostabva, ela a o short que ele adorava, e foram alegres e satosfeito prevaricar na cama. Acabou a birra. A palavra prevaricação reesquentou o casamento. E priu.