O INTERESSE.

O interesse é racional, humano acima de tudo, move o mundo. É singularíssimo em cada um e imensamente plural. Frequenta pouco a curiosidade pelo conhecimento, e menos ainda as finezas do gosto. É patente essa realidade no mundo e sem freios nos países de educação comprometida por fatores temporais e políticos. No Brasil é facundo esse realismo.

Os EUA foram descobertos e colonizados com oito anos de antecedência do Brasil com as mesmas condições assemelhadas, a saber, território e riquezas potenciais praticamente igualadas. Estão onde estão em desenvolvimento os EUA e estamos nós nesse passo de insuficiência. Não precisamos ir às excelências da Europa para comparar, comparamos com as descobertas mais recentes, a Europa é o berço do mundo cultural irradiador de conhecimento, e temporalmente sem isonomia comparativa, assinale-se somente o renascimento irradiador da cultura mundial para ficar distante de qualquer parâmetro.

A inclinação do homem pelo que é simplório é o traço maior que indica as banalidades entre as quais vive o ser humano. Um pão e circo romano vetusto ou uma comunicação esdrúxula que a tecnologia permitiu, internet, e em países como o nosso, deitando amores e horrores em cantos que nem vão aos montes nem caminham na planície, antes ficam nas dobras das coxias teatrais necessitadas, encenando interesses comuns da mesma cegueira. Basta dizer que a corrupção clara e confessada com milhões devolvidos, com as cabeças principais dos ilícitos ainda fora das Cortes Judiciais, corrupção de que todos são vítimas, merece aplausos, até de quem se diz professor, pasme-se.

As livrarias estão vazias, a comunicação primária explode deseducando. A desinformação sobre a história do homem extravasa por todos os poros na insignificância do meio em que se vive. Deseduca por nada ter a ensinar, restrito o verbo, raquítico de conteúdo, ausente a história desconhecida, distante o mundo das artes, a verdadeira arte, ao menos o que traz deleite para quem conhece, pois herméticas sinapses que possibilitariam a interpretação e o entendimento, têm rasteiras assimilações, claudicantes, erráticas, definindo a desvalia e o aleijão educacional imperante, de quem pode parecer educado e não é, incrivelmente enganando e enganoso, não a mim, enganadores que ficam na mediação entre a mediocridade e a permanente vontade de aparecer, para quem nada pode avaliar, a maioria, que aplaude o embotamento da enganação.

Resta a puerilidade e o infantilismo do verbo sepultado no sepulcro caiado de grandes dimensões, branco por fora, pela esmagadora maioria da impossibilidade de alcançar algo maior, preto por dentro na origem desnivelada por conhecer somente o obscurantismo.

Vive-se assim quase por instinto de sobrevivência nesse anfiteatro, e só, na pequenez de hábitos que escondem, por inacessíveis, grandezas da humanidade. É como um cenário aumentado das Termas de Caracala em Roma, onde ocorrem grandes espetáculos hoje em suas enormes ruínas, mesmo construída em 212/217 AC. Um cenário gigantesco. Por quê? Por qual razão essa situação de fato? Por não importar galgar e lutar por passeios maiores que o simples suprimento das necessidades básicas preenche, satisfazendo apenas algum sonho bobo que alguns trocados podem comprar (podiam) em quilométricas prestações. Dá trabalho conhecer, dá trabalho, mas envolve, eleva e enleva,mas exige esforço e não se conformar com mesmices.

Ninguém luta para vencer ou estuda, derruba barreiras, arregaça as mangas e põe em virtual estado de defesa os neurônios que a natureza concedeu. Basta o arroz com feijão. O que seria uma Coquiles de Saint Jacques para o paladar acostumado ao bucho, da buchada de bode, ou mesmo da festejada picanha?

Um bom exemplo é o grande mote (agora cerceado e abortado) de viajar, não para enriquecer a memória histórica e artística, desconhecidas, não há essa curiosidade para a saciedade dos sentidos, são pobres, não suplicantes dessas necessidades que demandam conhecimento, estudo e pesquisa, não há nem nunca houve leitura necessária e implementadora durante a vida, vontade firme e determinada, resgate de uma independência de saber um pouco mais, ainda que sempre muito pouco, para viver o conforto de enxergar o que traz felicidade para o espírito e a vitória de conquistar a possibilidade de desfrutar sempre da real beleza que a inspiração trouxe ao sentimento humano. A vida é breve e o tempo soberano. Não é censura, abomino censura, cultuo e cultivo a liberdade, cada um vive como quis e quer, é pura constatação e lamento, lamento doído por ser a humanidade voltada para um materialismo que não supre a própria materialidade por desconhecer o mínimo de algo mais, como passarem turistas pela Vitória de Samotracia, como já vi dizerem no Brasil e desconhecerem sua história.

O que se vê é somente aquele estudo que estuda o pouco para nada saber ou a leitura que mesmo diletante é preguiçosa, e econômica, o que é flagrante, e de péssima ou nenhuma interpretação, quando muito artificial e capenga, mas alguns viajam para comprar (e pior, bugigangas) e dizer que foram a este ou aquele lugar, e só, mas foram como(?), um ver sem nada ver, em um átimo como diz o italiano. E subsistem outros opiniosos que defendem corrupção que assalta seus próprios bolsos, e outros de cerebrações reduzidas onde convenções libertárias conquistadas desde as frentes napoleônicas até as conquistas dos aliados em 1948, formalizadas em pacto em vigor, são desconhecidas por falta de estudo, ou simples leitura em jornais, com total insciência. Estes são os que fazem a resistência do pleno obscurantismo alinhados com a insciência tola,mas reverencial.

Esse é o mesmo átimo que não distingue com saber, como de conhecer o românico e o gótico, suas fases, os arcobotantes, sua importância para as grandes catedrais, seus idealizadores, a escultura clássica estática de Michelangelo que ganhou movimento com o barroco de Bernini, a pintura oficial dos “pompiers” que chegou às cores da fatura de um Van Gogh, da impressão de Monet e do surrealismo de Magritte ou de Dalí, do pontilhismo marcante e marcado por pequenos pontos pincelados. Um mundo alado como o de Chagal na abóbada do Ópera, onde se assiste inebriado “O Corsário”, ou ver passagens de Dante Alighieri contada pelo cinzel de Rodin na Porta do Inferno na fome do Conde Ugolino preso na torre e fazendo dos filhos seu repasto. Seria pedir muito, ou que haja interesse por esse interesse. Nada saberão, pois esse interesse é secundário.

Um mundo fantástico e distante das vontades supérfluas da sobrevivência instintiva que se satisfaz com a migalha do alimento concedido e a escassez do espírito, nesse desfraldar do comum do mais comum que esse grande instrumento da internet desenha nos dias atuais em alguns pontos do mundo, como no Brasil, e nos faz mergulhar nesse laboratório onde o desserviço tem o “TÍTULO DE MESTRE” a sinalizar a desfiguração do meio em que se vive, carente pela carência de educação necessária. Será que sabem o que é ser Mestre? Nada sabem, nem mesmo número em gramática ou concordância, imagina o que seja mestre.

E soam os cantos que são verdadeiras orações de querer mais quando se projeta o menos, de aspirar mais quando se caminhou pelo nada, de pretender sair das garras do obscurantismo quando ele mais aperta e sufoca, fecha portas pelo não saber, que se mostra com todas as letras, as letras em profusão expelidas, tão vaidosas e pretensiosas como a certeira destinação para a indiferença no futuro.Expelidas na agilidade de metralhadoras giratórias onde se vive mais do instinto, que não pensa, pois não tem como pensar, não sabe pensar, instinto não pensa, somente expele no matraquear convulsivo, caminhando nos passos comuns, palavras de todos, comunhão de rituais nas odes acanhadas e nos escambos das trocas recíprocas de aplausos negociados, como no toma lá dá cá politico, chegando ao ponto obsequioso de pleitear batendo em nossas portas. Alguns com mantras tediosos e cômicos.

Se alegram e se ufanam nos aplausos dos iguais, soa como necessário o interesse alcançado, mas se restringe na restrição de ficar no mesmo lugar. Dele não sairão para crescerem e edificarem.

É o interesse que cada um tem em seu mundo particularíssimo, que é natural e se entende, no Brasil pobre de cidadania e de tudo, autenticando esse "status" paupérrimo de cidadania. Falta educação, falta interesse de melhorar o conhecimento, falta tudo. E ainda defende-se aqueles que ao invés de tentar implementar educação, a sonegam nos contingenciamentos da lei de meios, a lei orçamentária.

"O HOMEM NÃO PODE SE TORNAR UM VERDADEIRO HOMEM SENÃO PELA EDUCAÇÃO", IMMAUEL KANT. 1724/1804.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/06/2015
Reeditado em 22/06/2015
Código do texto: T5283769
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