Ainda Hilda e suas Tulipas
Coquete!
Completa coquete a jovem que rompeu os padrões de sua época e não se deixou padronizar pelos valores da aristocracia rural paulista.
Após se educar em colégio de freiras e se formar em Ciências Jurídicas não se adapta à rotina dos escritórios da Justiça.
Rompe padrões comportamentais de sua época e classe, mas não deixou de ser filha de seu tempo histórico: década de cinquenta. E como tal fala francês com primor, embala-se nas fumaças de seus cigarros e sorve seus uísques. Vai se divertir à busca de aventuras amorosas e sexuais em Paris.
Retorna a São Paulo e causa escândalos ao despertar paixões em homens mais velhos, ricos, famosos e intelectuais. Busca fugir do medo de ficar louca como o pai e procura encontrar em seus admiradores a figura paterna que perdera para a esquizofrenia.
Querendo encontrar razões para a vida torna-se obsessiva em leituras. Quando, então, resolve se retirar para a dedicação ao trabalho que escolhera: Escrever.
Em sua Casa do Sol torna-se escriba da Poesia, Dramaturgia e Ficcionista – suas tulipas. Coloca-se como mensageira das dimensões além, da compreensão do sexo, das razões da vida. Tudo para vencer a Morte e a Loucura.
Não só escreve. Retira-se para ler também e por isto dialoga com a Filosofia, a Matemática e a Física. Por isto mesmo o que produz está além das emoções primárias. Ela está além... Além do sentimentalismo e da existência física da carne.
Ela dizia que não lia para se distrair, mas para compreender e escrever seu trabalho – preferia denominar sua tarefa e arte assim, Trabalho, invés de chamar sua produção de Obra por achar este termo pedante. Também era de opinião que a função do escritor é escrever e não a de mercador de livros e de ter que sair dando palestras e conferências sobre o que escreveu. Gostaria de ser descoberta, recomendada, vendida e lida.
Sobre a escrita de Hilda Hilst foi avaliado que “Num momento de textos comedidos, cronometrados, ‘bem pensados’, impossível não considerar positiva a intensa vontade de libertação do texto hilstiano passando por cima de todas as convenções linguísticas e literárias, numa busca obsessiva de outras formas de representação do real.*¹
As tulipas que floriram de Hilda Hilst – Poesia, Teatro, Novelas – foram bem valorizadas e expressas por Nely Novaes Coelho que disse:
Hilda Hilst começou com a Poesia em seus Presságios e vai “Crescendo em força, em consciência do outro, em busca da vida verdadeira, autêntica. Sua poesia está realmente empapada dessa força até que ( ) Hilda tenta no teatro uma nova forma de indagação e de comunicação. Tem início o seu grande teatro simbólico ( ) a primeira peça, A possessa.” Na ficção publica entre tantos "A obscena senhora D. , breve e denso livro que pode ser considerado uma obra-prima em qualquer literatura. Desesperado testemunho de uma civilização criada pelo cristianismo e que acabou se esgotando, A obscena senhora D. é um fim e um início( ). O nosso mundo todo, visível e invisível, está na poesia de Hilda Hilst. Está na prosa, fragmentada, insólita, metafórica, poderosa, desafiante. É ler para saber. ”*²
É ler para saber! Para decodificar este mundo de enigmas revelados por Hilda Hilst é bom começar por entrevistas que a autora concedeu para achar o fio solto deste novelo. A “entre vistas” da escritora estão reunidas “entre os olhares” de seu interrogadores no livro organizado por Cristiano Diniz.
As tulipas de Hilda não servem cerveja... e por isto mesmo são na verdade Papoulas de onde se extrai o ópio ou o elixir paregórico conforme a necessidade do leitor.
Vicie-se na Literatura para sair do lugar comum.
A garota coquete se transformara ao longo de décadas na cultíssima mulher Hilda Hilst.*³
Coquete!
Completa coquete a jovem que rompeu os padrões de sua época e não se deixou padronizar pelos valores da aristocracia rural paulista.
Após se educar em colégio de freiras e se formar em Ciências Jurídicas não se adapta à rotina dos escritórios da Justiça.
Rompe padrões comportamentais de sua época e classe, mas não deixou de ser filha de seu tempo histórico: década de cinquenta. E como tal fala francês com primor, embala-se nas fumaças de seus cigarros e sorve seus uísques. Vai se divertir à busca de aventuras amorosas e sexuais em Paris.
Retorna a São Paulo e causa escândalos ao despertar paixões em homens mais velhos, ricos, famosos e intelectuais. Busca fugir do medo de ficar louca como o pai e procura encontrar em seus admiradores a figura paterna que perdera para a esquizofrenia.
Querendo encontrar razões para a vida torna-se obsessiva em leituras. Quando, então, resolve se retirar para a dedicação ao trabalho que escolhera: Escrever.
Em sua Casa do Sol torna-se escriba da Poesia, Dramaturgia e Ficcionista – suas tulipas. Coloca-se como mensageira das dimensões além, da compreensão do sexo, das razões da vida. Tudo para vencer a Morte e a Loucura.
Não só escreve. Retira-se para ler também e por isto dialoga com a Filosofia, a Matemática e a Física. Por isto mesmo o que produz está além das emoções primárias. Ela está além... Além do sentimentalismo e da existência física da carne.
Ela dizia que não lia para se distrair, mas para compreender e escrever seu trabalho – preferia denominar sua tarefa e arte assim, Trabalho, invés de chamar sua produção de Obra por achar este termo pedante. Também era de opinião que a função do escritor é escrever e não a de mercador de livros e de ter que sair dando palestras e conferências sobre o que escreveu. Gostaria de ser descoberta, recomendada, vendida e lida.
Sobre a escrita de Hilda Hilst foi avaliado que “Num momento de textos comedidos, cronometrados, ‘bem pensados’, impossível não considerar positiva a intensa vontade de libertação do texto hilstiano passando por cima de todas as convenções linguísticas e literárias, numa busca obsessiva de outras formas de representação do real.*¹
As tulipas que floriram de Hilda Hilst – Poesia, Teatro, Novelas – foram bem valorizadas e expressas por Nely Novaes Coelho que disse:
Hilda Hilst começou com a Poesia em seus Presságios e vai “Crescendo em força, em consciência do outro, em busca da vida verdadeira, autêntica. Sua poesia está realmente empapada dessa força até que ( ) Hilda tenta no teatro uma nova forma de indagação e de comunicação. Tem início o seu grande teatro simbólico ( ) a primeira peça, A possessa.” Na ficção publica entre tantos "A obscena senhora D. , breve e denso livro que pode ser considerado uma obra-prima em qualquer literatura. Desesperado testemunho de uma civilização criada pelo cristianismo e que acabou se esgotando, A obscena senhora D. é um fim e um início( ). O nosso mundo todo, visível e invisível, está na poesia de Hilda Hilst. Está na prosa, fragmentada, insólita, metafórica, poderosa, desafiante. É ler para saber. ”*²
É ler para saber! Para decodificar este mundo de enigmas revelados por Hilda Hilst é bom começar por entrevistas que a autora concedeu para achar o fio solto deste novelo. A “entre vistas” da escritora estão reunidas “entre os olhares” de seu interrogadores no livro organizado por Cristiano Diniz.
As tulipas de Hilda não servem cerveja... e por isto mesmo são na verdade Papoulas de onde se extrai o ópio ou o elixir paregórico conforme a necessidade do leitor.
Vicie-se na Literatura para sair do lugar comum.
A garota coquete se transformara ao longo de décadas na cultíssima mulher Hilda Hilst.*³
Leonardo Lisbôa.
Barbacena, 17/06/2015.
*¹Os dentes da Loucura”. Suplemento Literário do Minas Gerais, BH, Nº 70, abr 2001. Vários Entrevistadores.
*²COELHO, Nelly Novaes. Um Diálogo com Hilda Hilst. 1989.
*³ Texto baseado e citações transcritas do Livro: Fico Besta Quando me Entendem, entrevistas com Hilda Hilst, Cristiano Diniz (Org.). Biblioteca Azul.
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