VELHOS ABANDONADOS

É cada vez mais frequente no noticiário, as reportagens sobre o abandono de idosos e dos maus tratos a que são submetidos nas pretensas casas de repouso aonde vão parar.

Isso é consequência do desmantelamento das famílias e da longevidade.

Antes as famílias eram coesas (em sua maioria) e tinham muitos filhos, dos quais sempre sobrava um para cuidar dos velhos que antes morriam em torno dos sessenta anos, hoje graças às vacinas preventivas, à evolução dos medicamentos, aos avanços da medicina e da variada disponibilidade de alimentos se chega fácil aos oitenta.

Entretanto as famílias são pequenas, um ou dois filhos no máximo e a luta diária para a manutenção da vida nas cidades, para adquirir o sem número de inutilidades desnecessárias que a mídia nos convence da necessidade de ter um treco daqueles, que todo mundo tem, não dá para dividir o tempo para cuidar dos idosos, cada vez mais dependentes, cada vez mais carentes.

E a tendência é que essa situação fique cada vez pior porque a população está envelhecendo e o número de nascimentos diminuindo.

E isso é um dado preocupante porque se tivéssemos o número de óbitos aumentando, lá na frente haveria o equilíbrio da população humana que nos últimos anos tem crescido à taxa de 2,5% no Brasil e exponencialmente no resto do mundo.

Por outro lado estamos assistindo a um fenômeno de consequências desastrosas em longo prazo, as criancinhas com menos de um ano de vida vão para as creches, muitas delas com horário integral, sendo separadas das mães cedo demais e essa sensação de abandono na primeiríssima infância trará, fatalmente, a síndrome do pânico a manifestar-se na idade adulta, talvez já na adolescência.

Eu penso que a saída para isso está na implantação de abrigos nos modelos dos antigos internatos para jovens que eram dirigidos por religiosos, monitorados e subsidiados pelo poder público aonde as famílias, compulsoriamente, colocariam seus idosos e esses contribuiriam com as suas aposentadorias ou pensões e em troca teriam casa, comida, assistência médica, social e religiosa, passeios, atividades recreativas, artes plásticas, saraus literários, etc.

Claro que os amigos e parentes poderiam tanto visitar em qualquer dia como também levar seus idosos para passar um tempo com o que sobrou da família que ele ajudou a formar.