Fina estampa
Poderia ser cenário de uma pintura, o vaso transparente com gérberas sobre a mesa, a lareira, agora adormecida no canto da sala, as centenárias janelas de demolição sob as cortinas. Lá fora o céu é de inverno, azul muito forte, o sol reina pleno na imensidão azul. Há no ambiente um clima de melancolia que, sem exagero, chega a emocionar, como se a paz também fosse azul. Só entende o que falo quem é do sul e conhece nosso frio e os nossos cenários de inverno.
Deve estar fazendo uns seis graus, a geada fina já deve ter derretido, um vento calmo e limpo agita as árvores, mas muito delicadamente. O dia convida ao recolhimento, ao pensar, preciso ouvir alguma coisa, tomar um café e homenagear Fernando Brand, mineiro talentoso e genialíssimo. Na urgência do que sinto, reviro os discos sem tirar os olhos do céu, descubro uma jóia, “Ramilonga”, do não menos brilhante Vitor Ramil, será então minha forma carinhosa de dizer obrigada a Minas e a Brand. O dia ficou mais bonito...
Beijo a todos!